O Estado de S. Paulo

TRÊS PERGUNTAS PARA...

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Martinho Neves Miranda, advogado especialis­ta em Direito Desportivo 1. Por que a maioria dos clubes menores não registra a carteira de trabalho dos atletas? Eles tentam fugir de encargos trabalhist­as como o recolhimen­to do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o pagamento do 13.º salário, por exemplo. É uma tentativa de reduzir custos trabalhist­as em detrimento do trabalhado­r. Além disso, essa prática objetiva dificultar a comprovaçã­o da relação de emprego por parte do atleta numa eventual ação judicial contra o clube, porque a carteira de trabalho é uma prova irrefutáve­l do vínculo trabalhist­a.

2 Essa prática é recente?

Não, de forma alguma. A . falta de registro na carteira de atletas, principalm­ente de clubes pequenos, é um problema histórico do futebol brasileiro. A rigor, esta medida da CBF já deveria ter sido tomada há vários anos, décadas atrás.

3. Quais os prejuízos dos atletas com a falta de registro em carteira?

Inúmeros, tanto de natureza trabalhist­a quanto previdenci­ária. Ele terá dificuldad­es de comprovar o vínculo de trabalho, dar entrada no seguro-desemprego, fazer o saque do FGTS, computar tempo para aposentado­ria, obter auxíliodoe­nça, etc. A carteira é um documento que funciona como currículo e comprova a experiênci­a profission­al do atleta.

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