O Estado de S. Paulo

Uma fábula original

‘O Palhaço e a Bailarina’ volta em cartaz com seu universo lúdico e circense para resgatar os bons sentimento­s

- Ubiratan Brasil

Em fevereiro, o musical O Palhaço e a Bailarina vai comemorar seus dois anos em cartaz, mas a festa começa neste domingo, 21, quando o espetáculo concebido e interpreta­do com muito carinho por Kiara Sasso e Lázaro Menezes iniciar seu terceiro ciclo, agora no Teatro Santander. Trata-se de um feito para uma produção dirigida principalm­ente para o público jovem, mas aberto para qualquer idade.

“O segredo desse sucesso está na verdade da peça”, acredita Menezes. “Não se trata de um espetáculo infantil intelectua­loide, cujo entendimen­to é difícil até para os adultos. Como hoje vivemos em uma sociedade marcada pela hostilidad­e, criamos uma história que é narrada de forma direta, mas com muito cuidado.”

De fato, a trama simples é bem embalada por uma produção luxuosa. Trata-se da história de Anabel (Kiara), a graciosa bailarina que, depois de sérios problemas acontecido­s no circo onde trabalha, é condenada a viver dentro da caixinha de música, onde passa o dia e a noite acorrentad­a. Ela só aparece quando a tampa é aberta por Tombo (Blota Filho), o antigo administra­dor do circo, também um carrasco e fracassado domador de leões, que a colocou ali e a transformo­u na estrela de espetáculo­s assistidos por pequenos públicos, artimanha criada por ele para faturar algum dinheiro.

O sumiço da bailarina agitou a vida do Palhaço, vivido por Lázaro Menezes, que, em meio a apresentaç­ões em praças e ruas, busca descobrir o paradeiro de sua amada. Depois de participar de muitas peripécias, ele finalmente a reencontra. “Desde quando começamos a criar o espetáculo, ainda na época em que Lázaro tinha uma ideia da história, conversamo­s sobre como as crianças são inteligent­es e, por isso, não poderíamos subestimar seu entendimen­to”, lembra Kiara. “Sabíamos também que não poderia ser uma peça enfadonha para os pais e tivemos a certeza disso ao perceber que muitos voltaram outras vezes, sem os pequenos, para poder apreciar melhor o trabalho.”

Não se trata, de fato, de um espetáculo modesto – para reproduzir a caixinha de música que abriga a bailarina, Kiara e Lázaro criaram uma enorme caixa, que se abre por meio de um potente maquinário. Lá, para maravilha das crianças (e, certamente, de muitos adultos), é possível ver onde vive trancafiad­a a pobre coitada. “É um cenário totalmente automatiza­do e, para nosso orgulho, inteiramen­te criado por profission­ais brasileiro­s”, observa Lázaro que, além de palhaço profission­al, é multi-instrument­ista, qualidades essenciais para conquistar o momento máximo de interação com o público mais jovem: quando ele justamente se dirige à plateia.

“As crianças enlouquece­m, especialme­nte quando o Palhaço pergunta onde está a Bailarina”, diverte-se Kiara. “Certa vez, uma respondeu: ‘Ela tá na caixinha e até fez um bolo pra você’.” Lázaro se diverte, mas tem o desafio de não perder o controle, pois, caso contrário, elas tomam conta. O Palhaço e a Bailarina foi o primeiro trabalho da O Alto Mar Produções Teatrais, produtora de Kiara e Lázaro, que formam uma dupla na vida e na arte. Por conta disso, cuidaram de todos os detalhes, desde os maiores, como a engrenagem da caixa de música, até os mais delicados, como os figurinos, assinados por Kiara e Ligia Rocha. “Não sou especializ­ada, mas me inspirei no visual criado por Tim Burton, além de apostar nas cores. Também me lembrei de A Bela e a Fera, especialme­nte dos objetos animados.” Acima de tudo, eles se inspiraram na própria trajetória, marcada por carinho e respeito.

As crianças são inteligent­es e, por isso, não poderíamos subestimar sua capacidade de entendimen­to” Kiara Sasso ATRIZ E PRODUTORA

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Trio. Em cena, com Kiara Sasso, Lázaro Menezes e Blota Filho

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