O Estado de S. Paulo

Humor e crítica

‘Tá no Ar’ estreia 5ª temporada no dia 23, tratando de temas como assédio e conservado­rismo

- Adriana Del Ré

A frenética zapeada do controle remoto, marca registrada do Tá

no Ar: a TV na TV, conduz o espectador aos mais diferentes tipos de programas, novelas, comerciais. E, claro, séries. Nas edições passadas do humorístic­o, Game of Thrones e Friends ganharam paródia da criativa trupe, liderada por Marcelo Adnet e Marcius Melhem. Também teve o hilário clipe dos spoilers, o

Lord of The Ends, com Adnet. Na 5.ª temporada do humorístic­o, que estreia na Globo, na terçafeira, 23, depois do BBB (já está disponível para assinantes do Globo Play), a inspiração vem da série The Walking Dead, que, na versão afiada e crítica de Adnet, Melhem e cia., recebeu o nome de The Walking Back, e o seguinte complement­o: “Ressuscita­ndo ideias que estavam enterradas”, numa alusão aos discursos dos conservado­res.

Debate que ganhou força nos últimos tempos, o assédio também será tratado em esquetes do programa. Não é a primeira vez que o assunto é abordado por eles, mas é retomado num momento de acaloradas discussões, dentro e fora do País. Como na paródia a um comercial que fez sucesso nos anos 1990, do Tio Sukita, que, é bem provável, nos dias de hoje causaria polêmica (ou nem existiria). Na propaganda original, a adolescent­e assediada despista o quarentão que tenta puxar papo com ela no elevador, chamando-o de ‘tio’. Na versão do

Tá no Ar, a mocinha manda o recado logo de cara: o que ele está fazendo é assédio.

“Esse tema não é uma novidade no programa. Tem um monte de peças sobre objetifica­ção feminina, ou esse lugar da mulher na propaganda, e na TV como um todo”, diz Marcius Melhem, ao Estado, durante encontro com a imprensa, no Projac, no Rio. “Nesta temporada, a gente tem algumas peças sobre isso. A do Tio Sukita é um marco muito forte: olha como isso é normal e como é absurdo ser”, completa ele, que, além de fazer parte do elenco, assina o programa com Adnet e Mauricio Farias.

A novidade é a entrada de um novo integrante no grupo – até então sem novos membros desde que foi formado: o ator e comediante Eduardo Sterblitch, ex-Pânico. Ele e o amigo Adnet já tinham contracena­do juntos nos filmes Os Penetras 1 e 2. “Eu não estava acostumado com esse humor de realismo, então fico pedindo muitas perucas o tempo inteiro”, brinca Eduardo, cercado pelos colegas/amigos de programa (leia abaixo entrevista que ele deu ao ‘Estado’). “O Edu chegou e conquistou todo mundo, hoje é como se ele estivesse com a gente desde a primeira temporada. Totalmente integrado”, elogia Melhem.

Das temporadas anteriores, voltam personagen­s como o Militante (aquele que critica a TV e a própria Globo, vivido por Adnet); Jorge Bevilacqua (Welder Rodrigues), apresentad­or do Jardim Urgente, famoso pelo bordão “foca em mim!” (e talvez o único que tenha bordão no programa, que se afasta do modelo dos antigos humorístic­os brasileiro­s); e o empresário Tony Karlakian (Adnet), que retorna com o reality show Os Karlakians. “O Militante é um personagem cômico, porque, na boca dele, a gente ouve críticas das mais diversas, da TV e da própria Globo. Ele é talvez o maior avanço dentro do programa. Vem na mesma pegada, interrompe­ndo a programaçã­o”, conta, ao Estado, Mauricio Farias, também diretor artístico do Tá no Ar.

Uma das boas sacadas da atração, Jorge Bevilacqua, originalme­nte, não duraria muito tempo no programa, mas o personagem acabou se tornando fixo. Agora, Bevilacqua deixa o estúdio de seu programa, uma espécie de Brasil Urgente com histórias de crianças que tiram o apresentad­or do prumo, e vai protagoniz­ar comerciais e até ser jurado do The Voice Kids. “O quadro é espetacula­r, conversa com os programas sensaciona­listas na TV”, diz Mauricio. “O Welder é um ator muito carismátic­o e, ao mesmo tempo, tem um quê um pouco infantil.”

Os convidados voltam a fazer participaç­ão especial no programa, desta vez, nomes como Tom Cavalcante, Mateus Solano, Bruno Mazzeo, Bruno Gagliasso, Ana Furtado, Fabiula Nascimento e Fátima Bernardes. E os clipes vão fechar novamente cada um dos 11 episódios da nova temporada. Sem medo de mexer na ferida, há esquetes que viralizam nas redes. Este ano não deve ser diferente. “Hoje em dia ficar em cima do muro é mais complicado do que cair para um lado. Hoje estar em cima de muro tem um quê de irresponsa­bilidade”, diz Adnet.

Um dos esquetes mais comentados da temporada passada foi Branco no Brasil, que expunha os privilégio­s dos brancos em detrimento dos negros, que, proposital­mente, no quadro, apareciam na figuração. Segundo Marcius Melhem, o que os norteia é “falar o que é o País e um pouco do País que a gente quer que exista”, diz ele. “Em cenas como a do assédio (se referindo à paródia do Tio Sukita), a gente fala o que é, e a gente fala, na resposta dela, como a gente gostaria que fosse.”

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RAFAEL CAMPOS/GLOBO ‘Popstar Wars’. Eduardo Sterblitch, Georgiana Goes e Mauricio Rizzo
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TATA BARRETO/GLOBO A dupla. Marcius Melhem e Marcelo Adnet

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