O Estado de S. Paulo

Promessa de ano-novo

- BATENDO PONTO POR DANIEL SCALLI FONSECA, CIENTISTA DE DADOS DA IBM BRASIL E-MAIL: DFONSECA@BR.IBM.COM

Todo início de ano é sempre a mesma coisa. Prometemos que tudo vai melhorar, que iremos estudar mais, que nos esforçarem­os para sermos profission­ais ainda melhores e que vamos, finalmente, organizar nosso tempo. Alguns, mais radicais, sempre fazem aquela promessa de ‘ano-novo, vida nova!’.

A vontade de mudança muitas vezes está atrelada a questões que envolvem nossas carreiras. Em um mercado que exige cada vez mais inovação e foco em novos projetos, com certeza muita gente deve ter prometido estudar e mudar de carreira. Aqui entra uma busca muito específica por tornase o que chamamos de ‘profission­al do futuro’ como, por exemplo, os queridinho­s cientistas de dados.

Aliás, apesar de esta ser a profissão mais sexy do momento, muita gente ainda se pergunta o que faz e como se tornar um cientista de dados. Existem inúmeras definições sobre o assunto pela internet, mas, como líder de uma área composta por cientistas com este perfil, posso garantir que são poucas as que caracteriz­am exatamente o que busco quando estou recrutando alguém para assumir este papel.

A abordagem de recrutamen­to exige conhecimen­tos como machine learning, deep learning, análise preditiva, computação cognitiva e programaçã­o nas mais variadas linguagens.

Porém, esta é apenas a abordagem de marketing. Os bons cientistas de dados são engenheiro­s, cientistas da computação ou estatístic­os que tiveram uma formação comum. Não há nenhum segredo nisso. É claro que conhecimen­tos e habilidade­s específica­s são fundamenta­is para construção de qualquer perfil profission­al.

Entretanto, existem determinad­os aspectos que devem ser levados em consideraç­ão antes de se dedicar tempo e esforços em busca de conhecimen­tos muito específico­s.

É preciso aplicar conhecimen­tos matemático­s no desenvolvi­mento de soluções para problemas de negócio, utilizando-se do processame­nto computacio­nal para ganho de escala. Simples assim. Ou seja, antes de qualquer conhecimen­to ou técnica específica, o profission­al da ciência de dados precisa de uma sólida base matemática e estatístic­a e saber programar para replicar cálculos no bom e velho editor de planilhas. Os problemas serão resolvidos racionalme­nte com o uso de lógica e fórmulas. Posso afirmar que em muitos casos a estatístic­a básica do ensino médio é mais do que suficiente para se construir a solução.

Ainda sobre a questão da graduação, muita gente acredita que só quem tem formação de engenharia, ciência da computação e estatístic­a será capaz de usar a matemática e computação em conjunto. Posso afirmar que o fundamenta­l para ser um bom cientista de dados é ser um profission­al capaz de entender os problemas de forma analítica e pragmática. Com a internet, qualquer pessoa aprende estatístic­a e técnicas de computação. São milhares de cursos disponívei­s gratuitame­nte, alguns em instituiçõ­es internacio­nais de alto renome. Se considerar­mos os treinament­os que as empresas oferecem em suas plataforma­s internas, fica claro que qualquer um pode se tornar um cientista de dados.

O melhor exemplo que tenho para inspirar as pessoas que buscam entender melhor sobre a profissão é uma profission­al da minha equipe formada em relações internacio­nais. Apesar da carreira de humanas, ela fez a virada dela e hoje integra um seleto grupo de cientistas de dados dedicados a resolver problemas de negócios complexos. Mérito da capacidade e do empenho dela em aprender matemática e computação necessária­s à resolução de problemas, porém, é a prova que ciência de dados não se limita a determinad­as carreiras.

Para cumprir a promessa de se tornar um profission­al do futuro como um cientista de dados no próximo ano, basta aprimorar seus conhecimen­tos matemático­s e estatístic­os. O próximo passo é aprender algumas técnicas de programaçã­o, no editor de planilhas mesmo, para a automação destas técnicas. De forma simplifica­da, aprender a fazer contas, e a contar ao computador como ele faz para repeti-las. Com estes conceitos bem fundamenta­dos você já conseguirá ser um cientista de dados e as demais técnicas fluirão muito mais facilmente. Com dicas, desejo um Feliz Ano-Novo, ou melhor, Feliz Carreira Nova.

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