Primeiros conjuntos surgem no período de industrialização de SP
Além das vilas operárias, novos modelos surgiram no centro e se expandiram para outras áreas a fim de atender a classe média
“Era um pequeno investidor que comprava o terreno e, em vez de construir três ou quatro casas grandes, fazia várias casinhas” José Geraldo Simões Jr. PROFESSOR DA FAU-MACKENZIE
As vilas de São Paulo surgiram por volta dos anos 1920, no período de industrialização da cidade, como uma resposta à crescente demanda por habitação popular. As primeiras eram destinadas a operários, como a Vila Maria Zélia, no Belém, onde vive Regina Maria Aquino, de 79 anos (Leia ao lado).
A segunda leva teve origem na década de 1930 e era destinada a um novo público, formado sobretudo por pequenos comerciantes e profissionais liberais. Nesse período, afirma o professor da FAU Mackenzie José Geraldo Simões Júnior, os efeitos do código de obras Arthur Saboya começaram a ser sentidos. A legislação permitia a construção de vilas residenciais como forma de aproveitar melhor o miolo das quadras.
“Um pequeno investidor comprava o terreno e, em vez de construir três ou quatro casas muito grandes, fazia um conjunto de várias casinhas, dispostas de maneira a formar um T ou U. Mas havia uma questão: elas precisavam ser geminadas”, conta.
De acordo com o professor, elas apareceram no centro e se expandiram aos poucos pelos primeiros bairros ocupados.
Os imóveis foram pensados inicialmente para locação. Só anos mais tarde começaram a ser vendidos. Os portões também surgiram depois, a partir da década de 1980, como resposta à violência urbana, afirma a
professora Rosana Helena Miranda, da FAU-USP.
Vila das vilas.
Foi na Vila Mariana, onde há uma concentração expressiva de vilas, que surgiram as primeiras de classe média, diz Rosana.
A região servia como passagem para quem ia de Santo Amaro ao centro da cidade. Até que passou a ser ocupada. “É interessante pensar que mesmo bairros nobres, como o Higienópolis, contava com as suas. Para a época, elas representavam qualidade de vida.”
Na avaliação da professora, hoje as vilas adquiriram mais uma função. “Passaram a ser vistas como nichos e dão certo alívio à marcha de verticalização de São Paulo.”
O professor Simões Júnior aponta, ainda, a sensação de segurança, mesmo nas vilas abertas, como um doa maiores atrativos atuais.