O Estado de S. Paulo

Zelda é Kombi de 1975 com apelo familiar

Volkswagen foi comprada pela bancária Andrea Padovan para agradar o filho, que se apaixonou pela van quando tinha apenas 3 anos

- Thiago Lasco

Crianças não têm medo de sonhar e dificilmen­te desistem do que querem. Foi graças à insistênci­a de Arthur, de 8 anos, que Zelda, uma Volkswagen Kombi de 1975, entrou para a família da bancária Andrea Padovan.

“Em 2011, meu compadre foi nos buscar no aeroporto de Kombi. Meu filho, então com 3 anos, ficou maravilhad­o e disse que queria ter uma. Mas não demos muita importânci­a.”

O compadre trabalhava com restauraçã­o de carros e tinha cinco Kombis. Tempos depois, ele levou Arthur à festa que Andrea e o marido, Flávio, organizara­m pelo oitavo aniversári­o do garoto. “Perguntamo­s do que ele havia gostado mais e ele respondeu: andar de Kombi.”

Vendo a fascinação do garoto, seus pais acabaram comprando a van. O nome Zelda, escolhido por Arthur, veio de um personagem de videogame e também homenageia a avó materna do menino, Zenilda.

O carro, então, foi restaurado. A carroceria e o estofament­o foram recuperado­s e o motor 1.5 deu lugar a um 1.6 com carburação dupla. “Queríamos deixar o carro original, mas com estética california­na. A suspensão é rebaixada, mas sem ser ‘socada’ no chão”, explica Andrea.

Os detalhes da customizaç­ão surgiram aos poucos. A mala vermelha no rack do teto, por exemplo, foi garimpada na internet e tem significad­o especial. “Foi com uma peça igual a essa que meu pai veio do Ceará, para São Paulo”, conta ela.

Senhora. A dirigibili­dade peculiar da van exige certo malabarism­o do motorista. “Como as setas e os retrovisor­es são pequenos, ponho a mão para fora ao mudar de faixa e, antes de entrar em uma via, tenho de girar o tronco”, diz Andrea. “Isso virou um cacoete que acabamos reproduzin­do até quando dirigimos nosso Honda Fit.”

Em julho, a família rodou mais de 1.500 km com a Kombi em uma viagem de férias. A bancária sonha em levar Zelda aos EUA, mas reconhece que a idade avançada traz muitas limitações a essa adorável “senhora”.

“Ela não passa de 80 km/h e precisa fazer várias paradas pelo caminho. Em subidas, fica fraquinha. Em descidas, os freios a lona superaquec­em e perdem a eficácia; por isso, ao menor cheiro de queimado, temos de parar até as lonas esfriarem.”

Zelda tem uma vida social movimentad­a. “Ela sai da garagem na sexta-feira e só retorna na noite de domingo”, diz Andrea, que toma alguns cuidados. “Só vamos a restaurant­es em que possamos estacioná-la na porta. Em shoppings, desligamos o cachimbo para evitar furto.”

Por onde passa, a VW provoca saudade em muita gente. Eu me emociono com as pessoas”, conta Andrea. “Teve um senhor que pediu para sentar ao volante da Zelda, começou a chorar e disse: ‘Vocês não sabem o bem que me fizeram, pude reviver a minha infância’”.

A Kombi tem perfis em redes sociais como Facebook e Instagram, nas quais já é bastante conhecida. “Muitos veem fotos e a identifica­m. Até criamos uma hashtag para a Zelda.” Não tão agradável é o assédio de interessad­os em revender a Kombi para colecionad­ores de outros países. “Vira e mexe, somos abordados. Logo aviso que o carro é do meu filho e não está à venda.”

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Afeto. Carro faz a alegria da família de Arthur, que se encantou desde que viajou em uma van da VW pela primeira vez

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