Acampamento e marcha
Manifestantes pró-Lula ficarão no Anfiteatro do Pôr do Sol, a 1 km da sede do TRF-4, para acompanhar julgamento
Integrantes de movimentos pró-Lula em Porto Alegre ficarão acampados a 1 km da sede do TRF-4. Hoje, haverá caminhada de manifestantes.
Apesar da chuva, Porto Alegre começou a mostrar ontem os primeiros sinais das manifestações em função do julgamento do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva marcado para esta quartafeira, no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).
A Frente Brasil Popular, que congrega dezenas de movimentos sociais, sindicais e partidos de esquerda, começou a montar no início da tarde o acampamento onde os militantes próLula vão se manifestar de hoje até o dia do julgamento.
O local designado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul em acordo com os movimentos que defendem a absolvição do ex-presidente é o Anfiteatro do Pôr do Sol, um amplo gramado localizado às margens do Rio Guaíba, a cerca de um quilômetro da sede do TRF-4.
Na manhã de hoje, cerca de 2,5 mil integrantes da Via Campesina vão se reunir na BR-116 e seguir em caminhada até o acampamento. O percurso, de 7,6 km, atravessa algumas das principais avenidas da capital gaúcha e terá a presença de João Pedro Stédile, membro da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST).
Na tarde de ontem, diversos caminhões do 3.º Batalhão de Engenharia do Exército vindos de Cachoeira do Sul (RS) estavam estacionados no local da concentração. Eles carregavam tratores e soldados armados com fuzis. As assessorias do Exército e da SSP não foram localizadas, mas militares disseram extraoficialmente se tratar de coincidência e que a presença das tropas no local não tem relação com as manifestações.
Caravanas. Também ontem começaram a chegar a Porto Alegre as primeiras caravanas vindas do interior gaúcho e de outros Estados trazendo militantes pró-Lula. Uma delas é a argentina Nadya Loscacdo, de 23 anos. Estudante de História da Arte em Buenos Aires, Nadya integra a organização de esquerda Pátria Grande, que tem vínculos com o MST, e desde o início de janeiro participa de uma “vivência” no assentamento de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre. “Para nós, Luciana Liska
“Precisamos dos militares porque quase todos os políticos estão envolvidos em corrupção. A gente não tem mais onde recorrer.”
DONA DE CASA
na Argentina, é importante defender a democracia no Brasil para barrar o avanço do neoliberalismo no continente.”
Na movimentada esquina das Avenidas Mostardeiro e Goethe, no bairro Moinhos de Vento, dois militantes de um grupo que defende a intervenção militar se manifestavam embaixo de chuva.
A dona de casa Luciana Liska, de 47 anos, e um homem que não quis se identificar, porque, segundo ele, “a imprensa toda é do PT”, seguravam bandeiras do Brasil. “Precisamos dos militares porque quase todos os políticos estão envolvidos em corrupção. A gente não tem mais onde recorrer”, disse Luciana.