Como a paralisação do governo afeta a vida dos americanos
Um batalhão de infantaria da Guarda Nacional da Carolina do Norte cancela manobras planejadas por um ano. Amostras de vírus de gripe deixam de ser coletadas. Uma equipe mínima se prepara para responder a um dilúvio de perguntas sobre a nova tabela do imposto de renda.
A vasta máquina do governo federal começou a ratear na manhã de sábado, horas após o Senado não conseguir aprovar um acordo para concessão de recursos. Mas, como acontece com um porta-aviões quando suas hélices param de girar, grande parte da burocracia vai funcionar por algum tempo e alguns serviços essenciais, como Forças Armadas, Correios e previdência social, não vão parar.
Dezenas de milhares de funcionários federais foram despertados com a informação de seus departamentos (ministérios) de que, salvo por uma ação do Congresso, eles entrarão em férias coletivas no início da próxima semana. A paralisação não será uniforme: o Departamento de Educação vai deixar em casa 3.934 funcionários, enquanto no Pentágono toda a força uniformizada e metade dos funcionários civis continuarão a trabalhar. Mas, por enquanto, nem mesmo as tropas continuarão sendo pagas.
Na Casa Branca, três quintos da equipe que serve ao presidente Donald Trump entrarão em licença provisória. O Conselho de Segurança Nacional trabalhará a plena força, mas 60% dos funcionários mais próximos ao presidente entrarão em férias. Outros continuarão indo à Casa Branca ou trabalharão em casa, mas por um máximo de quatro horas diárias, e apenas para manter a ordem.
Especialistas em funcionamento do governo disseram que a sensação de confusão e quebra de rotina foi amplificada pela lentidão governista em notificar agências encarregadas de providenciar funcionários temporários, pela alta rotatividade nos quadros federais e pela falta de planejamento para fazer frente a uma paralisação que poucos na Casa Branca esperavam que viesse a ocorrer.
“Seria ruim em qualquer época, mas será pior agora”, disse Max Stier, presidente da Parceria para o Serviço Público, grupo sem fins lucrativos que acompanha as atividades do governo federal. “A maioria dos órgãos fez um péssimo trabalho de comunicação com seus funcionários e não providenciou apoio”, afirmou ele.
Entretanto, milhões de americanos não sentirão efeitos em seu cotidiano, e algumas das mais visíveis paralisações anteriores nos serviços públicos não ocorrerão agora. O Departamento do Interior informou que atrações como o Grand Canyon e o Memorial da 2.ª Guerra, no National Mall, continuarão abertas, embora o Serviço Nacional de Parques feche seus escritórios e pare de fornecer serviços como limpeza de salões e coleta de lixo. As agências de correios, que desde os anos 1970 financiam suas operações com a venda de selos e outros serviços, continuarão abertas. O governo continuará a dar assistência a mais de 100 milhões de idosos, incapacitados e cidadãos de baixa renda por meio do Medicare e do Medicaid.
Na última vez que o Congresso não chegou a um acordo orçamentário, em 2013, na gestão Obama, um grupo de veteranos de guerra, ajudado por republicanos, derrubou barricadas para visitar o Memorial da 2.ª Guerra. Desta vez, disse Heather Swift, porta-voz do Departamento do Interior, “os americanos, e especialmente nossos veteranos, encontrarão os memoriais e parques abertos”. /