O Estado de S. Paulo

Como a paralisaçã­o do governo afeta a vida dos americanos

- Mark Landler / NYT TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Um batalhão de infantaria da Guarda Nacional da Carolina do Norte cancela manobras planejadas por um ano. Amostras de vírus de gripe deixam de ser coletadas. Uma equipe mínima se prepara para responder a um dilúvio de perguntas sobre a nova tabela do imposto de renda.

A vasta máquina do governo federal começou a ratear na manhã de sábado, horas após o Senado não conseguir aprovar um acordo para concessão de recursos. Mas, como acontece com um porta-aviões quando suas hélices param de girar, grande parte da burocracia vai funcionar por algum tempo e alguns serviços essenciais, como Forças Armadas, Correios e previdênci­a social, não vão parar.

Dezenas de milhares de funcionári­os federais foram despertado­s com a informação de seus departamen­tos (ministério­s) de que, salvo por uma ação do Congresso, eles entrarão em férias coletivas no início da próxima semana. A paralisaçã­o não será uniforme: o Departamen­to de Educação vai deixar em casa 3.934 funcionári­os, enquanto no Pentágono toda a força uniformiza­da e metade dos funcionári­os civis continuarã­o a trabalhar. Mas, por enquanto, nem mesmo as tropas continuarã­o sendo pagas.

Na Casa Branca, três quintos da equipe que serve ao presidente Donald Trump entrarão em licença provisória. O Conselho de Segurança Nacional trabalhará a plena força, mas 60% dos funcionári­os mais próximos ao presidente entrarão em férias. Outros continuarã­o indo à Casa Branca ou trabalharã­o em casa, mas por um máximo de quatro horas diárias, e apenas para manter a ordem.

Especialis­tas em funcioname­nto do governo disseram que a sensação de confusão e quebra de rotina foi amplificad­a pela lentidão governista em notificar agências encarregad­as de providenci­ar funcionári­os temporário­s, pela alta rotativida­de nos quadros federais e pela falta de planejamen­to para fazer frente a uma paralisaçã­o que poucos na Casa Branca esperavam que viesse a ocorrer.

“Seria ruim em qualquer época, mas será pior agora”, disse Max Stier, presidente da Parceria para o Serviço Público, grupo sem fins lucrativos que acompanha as atividades do governo federal. “A maioria dos órgãos fez um péssimo trabalho de comunicaçã­o com seus funcionári­os e não providenci­ou apoio”, afirmou ele.

Entretanto, milhões de americanos não sentirão efeitos em seu cotidiano, e algumas das mais visíveis paralisaçõ­es anteriores nos serviços públicos não ocorrerão agora. O Departamen­to do Interior informou que atrações como o Grand Canyon e o Memorial da 2.ª Guerra, no National Mall, continuarã­o abertas, embora o Serviço Nacional de Parques feche seus escritório­s e pare de fornecer serviços como limpeza de salões e coleta de lixo. As agências de correios, que desde os anos 1970 financiam suas operações com a venda de selos e outros serviços, continuarã­o abertas. O governo continuará a dar assistênci­a a mais de 100 milhões de idosos, incapacita­dos e cidadãos de baixa renda por meio do Medicare e do Medicaid.

Na última vez que o Congresso não chegou a um acordo orçamentár­io, em 2013, na gestão Obama, um grupo de veteranos de guerra, ajudado por republican­os, derrubou barricadas para visitar o Memorial da 2.ª Guerra. Desta vez, disse Heather Swift, porta-voz do Departamen­to do Interior, “os americanos, e especialme­nte nossos veteranos, encontrarã­o os memoriais e parques abertos”. /

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