O Estado de S. Paulo

Após fuga em massa, RR investiga Força Nacional.

92 detentos escaparam da Penitenciá­ria Monte Cristo, onde há um ano 33 presos morreram; buscas se estendem até fronteira venezuelan­a

- Cyneida Correa ESPECIAL PARA O ESTADO BOA VISTA

Um ano após a morte de 33 presos na Penitenciá­ria Agrícola de Monte Cristo (Pamc), o sistema prisional de Roraima registrou no local a maior fuga em massa de sua história. Os 92 detentos, incluindo a cúpula do crime organizado no Estado, saíram por um túnel e contaram com a ajuda de criminosos que cortaram a energia na região.

Até ontem à noite, o governo do Estado informava que apenas 16 detentos haviam sido recapturad­os. A escapada ocorreu na madrugada de sexta-feira e só em uma contagem anteontem foi possível determinar quem fugiu. No Estado, os principais líderes do crime organizado têm ligação com a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).

O túnel por onde os criminosos escaparam está localizado a 50 metros de distância de onde deveria haver uma guarnição da Força Nacional de Segurança (FNS). Por causa da falha na segurança, uma investigaç­ão foi aberta pela Polícia Civil de Roraima para analisar a responsabi­lidade desse efetivo. “Vamos apurar a responsabi­lidade de todos os envolvidos nessa fuga, seja por ação ou omissão, e encaminhar para a Justiça”, disse a delegada-geral, Edneia Chagas.

Em dezembro, o governo de Roraima solicitou ao Ministério da Justiça a substituiç­ão dos agentes da Força Nacional por homens do Grupo de Intervençã­o Penitenciá­rio, para que eles pudessem reforçar a atuação também dentro do presídio e não apenas no perímetro externo, como hoje. “Com as restrições atuais a Força Nacional não nos serve”, afirmou o secretário Ronan Marinho.

Em nota, o Ministério da Justiça destacou que “o governo de Roraima não solicitou a prorrogaçã­o da operação da Força Nacional no Estado, que expirou no dia 31 de dezembro”. “Ainda assim, a Força Nacional continuava realizando a operação de reforço do policiamen­to e, ao tomar conhecimen­to da fuga de internos, acionou todo o efetivo que está em Boa Vista, conseguind­o até capturar foragidos e identifica­r o túnel, onde manteve vigilância, não se furtando a auxiliar os órgãos locais.”

Venezuela. No fim de semana, a busca aos foragidos foi intensific­ada com um helicópter­o cedido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O policiamen­to foi reforçado, incluindo a fronteira com a Venezuela, para onde parte dos foragidos deve dirigir-se em busca de armas e drogas, conforme levantamen­to do serviço de inteligênc­ia.

Para intensific­ar a busca pelos criminosos, o comando da Polícia Militar no Estado convocou todo o efetivo de folga. Segundo o comando, esse tipo de convocação tem como objetivo melhorar o policiamen­to e impedir ações criminosas. “Se atirarem contra a polícia vão tomar tiro. Bandido em Roraima não cria nome”, disse o comandante Edison Prola.

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