O Estado de S. Paulo

SALVA AOS 7 DIAS COM TÉCNICA BRASILEIRA

Só o Incor tinha estrutura adequada e profission­ais capacitado­s para intervençã­o

- CAMBRICOLI / FABIANA

Esther tinha apenas 7 dias quando foi levada para um dos centros cirúrgicos do Instituto do Coração (Incor) para passar pelo único procedimen­to capaz de salvar sua vida. A bebê nasceu com um tipo de cardiopati­a congênita que, se não tratada nas primeiras semanas após o nascimento, leva a criança à morte.

O problema não havia sido detectado durante a gestação, o que tornou o susto e o desespero da família ainda maiores no momento do diagnóstic­o. “A gravidez foi bastante tranquila. Só que, no segundo dia de vida, ela passou mal e ficou toda roxinha. A pediatra a levou para fazer exames e descobriu que nasceu com os vasos sanguíneos invertidos”, conta a mãe de Esther, a recreacion­ista Yasmin Viana de Oliveira, de 24 anos.

Nesses casos, o recém-nascido precisa passar por uma operação em que as artérias aorta e pulmonar são colocadas na posição correta, permitindo, assim, que o sangue que passa pelo pulmão para ser oxigenado seja distribuíd­o normalment­e pelo corpo da criança, incluindo os órgãos vitais.

Moradores de Sumaré, no interior do Estado, os pais da menina foram informados na maternidad­e onde ocorreu o parto que somente o Incor tinha estrutura adequada e profission­ais capacitado­s para realizar o tipo de cirurgia que a bebê precisava. “O máximo que eles conseguira­m em Sumaré foi descobrir o que ela tinha. Ela veio para o Incor com 4 dias, foi reavaliada, prepararam ela e, uma semana depois de nascer, estava na cirurgia. Foi uma angústia porque a operação durou 12 horas, mas, no fim, deu tudo certo”, relembra a mãe. A técnica. Nos casos como o de Esther, o Incor não se destaca “apenas” por ser capaz de realizar esse tipo de cirurgia. A invenção da técnica, em 1975, também esbarra na história da instituiçã­o. Foi o renomado cirurgião Adib Jatene (1929-2014), um dos maiores especialis­tas que passaram pela instituiçã­o, o responsáve­l pela criação do procedimen­to, conhecido mundialmen­te como Cirurgia de Jatene. “Até a década de 1960, 90% dos bebês que nasciam com essa cardiopati­a morriam no primeiro ano de vida. Hoje é o contrário: 80% a 90% sobrevivem”, relata Filomena Galas, médica supervisor­a da UTI cirúrgica do Incor, onde a pequena Esther se recuperou antes de ter alta.

Adib Jatene não deixou seu legado apenas na literatura científica. Dois de seus filhos, Fábio e Marcelo, atuam no Incor. O primeiro é vice-presidente do Conselho Diretor e diretor da Divisão de Cirurgia Cardiovasc­ular. Já Marcelo é diretor do Serviço de Cirurgia Cardiovasc­ular Infantil e chefe da equipe que operou a pequena Esther.

 ??  ?? Em recuperaçã­o. Bebê nasceu com uma cardiopati­a congênita que não havia sido detectada durante a gestação
Em recuperaçã­o. Bebê nasceu com uma cardiopati­a congênita que não havia sido detectada durante a gestação

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil