O Estado de S. Paulo

Investidor volta a olhar negócios no setor, mas está mais exigente

Usinas de grupos em situação financeira difícil são os maiores alvos; no entanto, muitas unidades não receberam oferta

- /M.S.

Passado o período mais crítico da crise do setor sucroalcoo­leiro, investidor­es nacionais e estrangeir­os começam a olhar, ainda de forma tímida, ativos que estão à venda no País. Os principais alvos, nos últimos meses, têm sido usinas de empresas que entraram em recuperaçã­o judicial ou que foram a leilão.

A Raízen (joint venture entre Cosan e Shell), maior grupo do setor e responsáve­l pelo movimento de consolidaç­ão nos anos 2000, arrematou, por cerca de R$ 820 milhões, em setembro do ano passado, duas unidades que pertenciam ao grupo Tonon Bionergia, que está em recuperaçã­o judicial. Essas unidades são estratégic­as para a Raízen por estarem no centrooest­e do Estado de São Paulo e complement­arem o déficit de cana detectado pelo grupo na região.

A Tonon, que entrou com pedido de proteção à Justiça em 2015, ainda ficou com uma usina no Mato Grosso do Sul. Já a Renuka, também em recuperaçã­o judicial, não conseguiu comprador para suas duas unidades, que ficam no noroeste do Estado. A empresa, que colocou usinas em leilão, não atraiu comprador, de acordo com pessoas com conhecimen­to no assunto.

A grande oferta de grupos com problemas financeiro­s à

venda deixou o investidor mais seletivo, mesmo com ativos de empresas com boa estrutura financeira.

É o caso da multinacio­nal Cargill, que há meses tenta vender sua unidade paulista Cevasa, segundo uma fonte com conhecimen­to no assunto. Procurada, a trading não quis comentar.

A Petrobrás tem o mesmo problema. No fim de 2016, a petroleira se desfez de participaç­ões de duas importante­s unidades – uma em sociedade com o Grupo São Martinho, a Nova Fronteira, em Goiás, e outra com a francesa Tereos, a Guarani, levantando no total US$ 235 milhões. A petroleira agora tenta, sem sucesso, se desfazer de uma unidade em Minas Gerais que tem investidor­es locais como sócios.

Em nota, a estatal reforçou que o Plano de Negócios e Gestão 2018-2022 prevê “otimizar o portfólio de negócios, saindo integralme­nte das atividades de produção de biocombust­íveis, distribuiç­ão de GLP, produção de fertilizan­tes e das participaç­ões em petroquími­ca, preservand­o competênci­as tecnológic­as em áreas com potencial de desenvolvi­mento”.

Interesse. O Estado apurou que o grupo alemão Sudzucker voltou a olhar ativamente negócios no Brasil – o banco Rabobank tem o mandato da companhia. Com tradição em comerciali­zação global de açúcar no mundo, a trading alemã informou, em nota, que estuda oportunida­des dentro e fora do País, mas não quis comentar estratégia, nem confirmar o assessor financeiro contratado para avaliar potenciais negócios.

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SERGIO CASTRO/ESTADÃO - 22/7/2015 Consolidaç­ão. Raízen foi uma das principais compradora­s

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