O Estado de S. Paulo

Festas no Sambódromo

Marcas disputam espaço VIP na Sapucaí

- Luiz Guilherme Gerbelli ESPECIAL PARA O ESTADO

Enquanto as escolas de samba estiverem desfilando na Marquês de Sapucaí nos dias de carnaval, os camarotes montados ao longo do sambódromo do Rio serão palco de eventos disputados não apenas por foliões, mas por algumas das principais marcas em atuação no País.

Festas nesses espaços costumavam ser organizada­s pelas próprias marcas e restritas a convidados, mas têm migrado para mãos de empresário­s, que produzem o evento e vendem o ingresso no local.

A mudança no modelo ganhou força nos últimos dois anos e tem como pano de fundo a recessão econômica. Com a crise, ficou muito caro para uma marca colocar sozinha um evento desse tipo de pé. Em 2018, o custo de montar uma festa num camarote no sambódromo do Rio varia entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões. Em São Paulo, oscila entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões.

No papel de patrocinad­oras, as marcas conseguem gastar uma fração do que teriam de desembolsa­r caso decidissem promover um evento próprio. No carnaval carioca, uma quota mais simples para divulgar um produto na festa pode sair por cerca de R$ 450 mil. O patrocínio com assinatura na cenografia do camarote pode custar de R$ 1,5 milhão a R$ 4,5 milhões. Em São Paulo, os preços variam de R$ 80 mil a R$ 850 mil.

“O custo se tornou alto nos últimos anos e ficou inviável para as marcas bancarem”, diz o diretor de marketing do Camarote Rio, Ricardo Mendes.

A transforma­ção enfrentada por um dos negócios mais disputados do carnaval fez com que as marcas economizas­sem, mas também assumissem um novo papel dentro dos camarotes. Há diversidad­e maior de empresas participan­tes – antes, a lista era dominada pelas cervejas – e elas buscam agora, além da publicidad­e, o relacionam­ento com clientes. Elas querem usar o evento para checar se são aprovadas por consumidor­es, a chamada “ativação” da marca.

“Uma das intenções da empresa que patrocina é observar como aquele produto se comporta entre as pessoas que estão no camarote”, diz o empresário Victor Oliva, da agência de marketing Banco de Eventos, e um dos idealizado­res do Camarote N.º 1, no Rio.

Oliva, que tem como sócio no evento o empresário Alvaro Garnero, foi responsáve­l pelo tradiciona­l Camarote Brahma, no Rio. Há dois anos, no entanto, a Ambev deixou de ser dona do evento. A empresa segue no camarote de Oliva, mas divide o espaço com outras marcas.

Por ora, o empresário já acertou com a empresa de cartões Elo, a grife francesa Givenchy, a companhia de transporte­s Cabify, entre outras.

Estreias. Na semana passada, a promoter Carol Sampaio ainda se dividia entre

Rio e São Paulo em busca dos últimos patrocínio­s para o Nosso Camarote.

Carol, que ficou conhecida pelo Bloco da Favorita, um dos mais populares do Rio, era parceira do Camarote N.º 1 até o carnaval de 2017. Neste ano, aliou-se ao ex-jogador Ronaldo e ao promotor de eventos Gabriel David para fazer um evento na Sapucaí. Na lista de patrocinad­ores já confirmado­s para o novo camarote da empresária estão as marcas de bebidas Grey Goose, Bombay e Martini, o energético Red Bull, a grife Armani e a empresa de colchões Ortobom. A promoter diz que seu modelo de negócios é baseado na variedade de patrocinad­ores. “Tive uma experiênci­a no Rock in Rio e percebi que, quando pulverizo, consigo chegar a um número maior de patrocinad­ores de forma mais fácil”, afirma Carol. Em São Paulo, os empresário­s Chico Barbuto, Carlos Xavier, Marcos Scaldelai e Margarete Costa também se uniram e abrem, neste ano, o camarote da Garoa. Com foco no público de alta renda, eles já têm acertado o patrocínio das marcas de bebida Absolut e Chivas e da companhia aérea American Airlines.

O grupo aposta na força do evento para o relacionam­ento entre empresário­s. Uma parte do camarote foi destinada para que executivos de marcas patrocinad­oras recebam clientes convidados.

“O relacionam­ento é muito importante, sobretudo no momento de esperança de melhoria na economia”, diz Scaldelai. “O resultado das empresas pode depender de eventos como este.”

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 27/2/2017 Variedade. Mais econômico, modelo de patrocínio em camarotes no carnaval do Rio atrai marcas além das cervejaria­s

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