FMI eleva projeções para o Brasil
Mas tom otimista veio acompanhado de advertência sobre chance de condições favoráveis atuais desaparecerem
Novas projeções do FMI, apresentadas ontem em Davos, mostram que o Brasil crescerá 1,9% neste ano e 2,1% no próximo, informa Rolf Kuntz. A economia mundial deverá crescer 3,9% agora e em 2019. Os números são melhores do que os divulgados pela instituição em outubro.
O Brasil crescerá 1,9% neste ano e 2,1% no próximo, num cenário global de firme expansão, segundo as novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciadas ontem em Davos.
A economia mundial deverá expandir-se 3,9% em 2018 e 3,9% em 2019, dinamizada principalmente pelos países avançados e pelos maiores emergentes, China e Índia. Os novos números são maiores que os divulgados em outubro, na assembleia da instituição, em Washington, mas o tom otimista da análise é temperado com advertências sobre riscos de médio prazo.
A revisão das estimativas foi apresentada em Davos pelo diretor de Pesquisa do Fundo, Maurice Obstfeld, um dia antes de começar a reunião anual do Fórum Econômico Mundial. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, é neste ano uma das sete copresidentes do evento.
O Brasil deve ter crescido 1,1% no ano passado, de acordo com o FMI. O número coincide com a avaliação corrente entre especialistas brasileiros. As novas projeções para o País neste ano e no próximo são 0,4 e 0,1 ponto porcentual maiores que as publicadas em outubro, mas inferiores à mediana das estimativas do mercado financeiro, superior a 2,5% para os dois anos.
A recuperação “mais firme” do Brasil e o impacto benéfico do crescimento dos Estados Unidos na economia mexicana ajudarão a América Latina a crescer 1,9% em 2018 e 2,6% em 2019.
As estimativas de expansão para os Estados Unidos foram revistas para 2,7% neste ano e 2,5% no seguinte, com acréscimos de 0,4 e 0,6 ponto porcentual. A reforma tributária recém aprovada, com redução de impostos para empresas, deverá, segundo a análise, estimular o investimento e impulsionar a atividade.
O mundo rico deverá crescer 2,3% e 2,2% nestes dois anos. A China, 6,6% e 6,4%. A Índia, 7,4% e 7,8%. O crescimento chinês em 2017 foi estimado em 6,8%, 0,1 ponto abaixo do número anunciado em Pequim na semana passada. O novo panorama global provavelmente estava pronto quando o anúncio oficial foi feito. Advertência. As atuais condições favoráveis ao crescimento mundial são excepcionais e poderão sumir nos próximos anos, advertiu Obstfeld. Dificilmente se manterá, argumentou, um quadro de inflação baixa mesmo com juros muito moderados, salários nominais contidos e mercado de ações vigoroso. O diretor de pesquisa do Fundo apontou novamente um risco mencionado várias vezes por analistas do FMI – um possível final abrupto para uma fase de forte valorização de ativos no mercado financeiro.
Este momento de prosperidade é um bom momento, segundo a análise dos técnicos do FMI, para ajustes e reformas.
Com algumas variações, os governos dos países avançados e também dos emergentes e em desenvolvimento devem dedicar-se, de acordo com o informe do FMI, a uma pauta comum. A agenda inclui esforços para elevar a produtividade e o potencial de crescimento e, além disso, aumentar a capacidade de reação das economias. Tudo isso impõe reformas e medidas para aumentar a resistência do sistema financeiro, diminuir o endividamento e robustecer os amortecedores fiscais (colchões formados na prosperidade para momentos de crise).