O Estado de S. Paulo

Um ícone de volta à ativa

‘Banespão’ reabre na sexta com novos nome, mirante e proposta: a ideia é que, além da vista, o visitante aprecie o interior do prédio.

- Priscila Mengue

De um lado, estão os remanescen­tes da formação de São Paulo, como o Pátio do Colégio e o bairro da Liberdade. No canto oposto, as construçõe­s do chamado Centro Novo, como a sede da Prefeitura de São Paulo (Edifício Matarazzo) e o Shopping Light (Edifício Alexandre Mackenzie). Para chegar de um lado ao outro, não será mais necessário, contudo, andar por toda a região central de São Paulo: basta atravessar o corredor do 26.º andar do Edifício Altino Arantes, o Banespão, que reabre sexta-feira para o público, após permanecer fechado por dois anos. O que mudou foi o nome; agora é Farol Santander.

A reabertura começou a criar corpo há cerca de um ano e meio, quando o grupo Santander foi procurado pelo empreended­or cultural Facundo Guerra, de 44 anos, e pela diretora da agência Storymaker­s, Tatiana Wlasek, de 34 anos, que têm parcerias em projetos diversos, incluindo o Mirante 9 de Julho e o Bar Riviera. “Foi um processo de provocação”, explica Tatiana sobre a ideia.

Em outubro de 2016, a dupla visitou o edifício e começou a discutir a possibilid­ade de dividi-lo em diferentes ambientes. “Antes, a pessoa entrava, registrava o andar no elevador, descia, acompanhav­a a vista e ia embora. Agora ela flui pelo prédio. Cada um cria as suas experiênci­as”, compara Guerra.

Novos mundos. Com essa proposta, a maior atração do espaço – a vista – ficou em segundo plano: o pequeno terraço do topo do prédio não reabrirá por questões de “segurança e acessibili­dade”, de acordo com o Santander, que não divulga o valor do investimen­to. Desse modo, o principal mirante aberto ao público está localizado no 26.º andar, no Café Farol, em espaço circundado por vidro e janelas. Para chegar ali, é necessário adquirir uma entrada no valor de R$ 15, que também integrará “combos” com as demais atrações – todos os cupons são vendidos na bilheteria ou pela internet, no site Ingresso Rápido.

Dos 35 andares, 15 integram um circuito de “experiênci­as”, que envolve áreas como empreended­orismo, arquitetur­a, artes visuais, esportes e memória. A abertura de novos espaços é cogitada e deve ocorrer conforme as “ideias forem surgindo”, de acordo com a gerente de Marketing do Santander Alessandra Bonatto, que acompanha o projeto desde o início.

Como cada pavimento tem uma proposta, mais de uma dezena de escritório­s e agências estiveram envolvidos na concepção dos espaços. “O Altino Arantes é uma das personagen­s mais queridas da cidade, a gente não podia propor algo que ficasse restrito a uma visitação”, explica Guerra. “A gente queria sequestrar o olhar para dentro do edifício”, diz o empresário, ao comentar da “competição desleal” de estar em um prédio que é buscado justamente para se apreciar os demais.

Nos primeiros andares, a ideia é introduzir o visitante à história do edifício, inaugurado em 1947, com inspiração no Empire State Building, e parcialmen­te tombado pelo Estado de São Paulo desde 2014. Além de exibir objetos e mobiliário antigo, o projeto busca “modernizar” ao revestir, por exemplo, uma sala inteira com uma espécie de espelhamen­to, ideal para postagens nas redes sociais. Logo a seguir, já no quinto andar, a experiênci­a “Memória”, inclui ainda um espaço com obras de Vik Muniz, que reproduzem a fachada e a vista do edifício a partir de sucata e entulho da própria obra.

Como explica Tatiana, a ideia é que cada andar represente diferentes “mundos”, que, embora estejam interligad­os, são diferentes. “Quem gosta de arquitetur­a vem ver o skyline, mas quem gosta de vista também pode gostar de esporte e quem gosta de esporte pode se interessar por artes”, comenta Guerra ao se referir à pista de skate instalada no 21.º andar, idealizada pelo multicampe­ão da categoria Bob Burnquist.

Internacio­nal. Além disso, outros espaços de exposição estão dispostos no 19.º e no 20.º andares (com abertura em março) e no 22.º e 23.º andares — chamados de “Arte Imersiva”, com curadoria de Tatiana e Guerra. No local, a cada cem dias serão inaugurada­s duas instalaçõe­s inéditas e projetadas para o local, reunindo um nome nacional e outro estrangeir­o. Para a abertura, os selecionad­os foram a brasileira Laura Vinci e o coletivo russo Tundra.

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Arte tem espaço com instalaçõe­s
No 21º andar, pista de skate idealizada por Bob Burnquist
Dos 35 andares, 15 integram o circuito de experiênci­as
FOTOS TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO 1. Principal mirante fica no 26º andar Arte tem espaço com instalaçõe­s No 21º andar, pista de skate idealizada por Bob Burnquist Dos 35 andares, 15 integram o circuito de experiênci­as
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