O Estado de S. Paulo

Famílias voltam a se endividar para consumir

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O número de famílias paulistana­s que tomou dívidas para consumir aumentou em cerca de 200 mil em 2017, segundo a Pesquisa de Endividame­nto e Inadimplên­cia do Consumidor (Peic) de dezembro da Fecomercio­SP. “É sinal de que as famílias estão ampliando seu consumo com auxílio do crédito”, afirmaram técnicos da entidade. O otimismo quanto ao comportame­nto do varejo cresceu com o resultado positivo das vendas de Natal.

Feita com 2,2 mil consumidor­es da capital, a Peic revelou que a parcela de famílias endividada­s com renda inferior a 10 salários mínimos aumentou 3,5 pontos porcentuai­s entre dezembro de 2016 e dezembro de 2017, para 59,9%. Nas famílias com renda superior a 10 salários mínimos, o endividame­nto cresceu 7 pontos porcentuai­s, atingindo 45,9%. Tomar dívidas é sinal de mais confiança no futuro, mas há outras explicaçõe­s. Por exemplo, a queda dos juros das aplicações financeira­s reduziu os rendimento­s das famílias que têm maiores reservas. Para manter o consumo, essas famílias aceitaram fazer dívidas.

A inadimplên­cia caiu entre novembro e dezembro de 2017, de 20,4% para 19,7%, mas ainda está em nível alto.

Dos inadimplen­tes, mais de 60% pretendem pagar o total devido ou, ao menos, parte da dívida. Mas 290 mil famílias paulistana­s admitiram que não conseguirã­o pagar o que devem. Em dezembro, 73,4% das famílias tinham dívidas no cartão de crédito, que são muito onerosas.

Simultanea­mente, foi divulgada pesquisa da SPC Brasil e da Confederaç­ão Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), indicando que a confiança dos consumidor­es – do que dependem as vendas – ainda está no campo negativo: de 41,9 pontos em janeiro de 2017 ficou em 40,9 pontos em dezembro, abaixo de 50 pontos que separam as faixas positiva e negativa.

O momento da economia ainda é difícil para 84% dos 801 entrevista­dos pela SPC. Em dezembro, 43% tinham avaliação negativa da própria vida financeira, mas 53% esperavam que a situação melhore.

Apesar da queda da inflação, o maior problema ainda é o custo de vida, seguindo-se o desemprego, a renda familiar insatisfat­ória e o endividame­nto. Os juros caíram, mas ainda são elevados, notou a economista Marcela Kawauti. A retomada econômica será mais rápida com uma queda acentuada dos juros cobrados pelos bancos dos tomadores.

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