O Estado de S. Paulo

País fecha quase 30 mil vagas de emprego em 2017

Segundo dados preliminar­es do Caged, em dezembro, foram extintos 328,5 mil postos de trabalho, melhor que a projeção do mercado

- Fernando Nakagawa / BRASÍLIA

A economia brasileira perdeu 328,5 mil vagas de emprego formais em dezembro. Esse foi o pior desempenho do mercado de trabalho formal em todo o ano de 2017 que terminou com fechamento de 28,8 mil postos com carteira assinada. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) são preliminar­es e podem mudar ligeiramen­te, já que o indicador de dezembro ainda não teria sido oficialmen­te fechado, segundo uma fonte do Ministério do Trabalho.

Os números foram divulgados no fim da tarde de ontem pela Folha de S. Paulo e confirmado­s pelo ‘Estadão/Broadcast’. Pela programaçã­o original, o Caged do mês de dezembro deveria ser anunciado no fim desta semana – provavelme­nte na quinta ou na sexta-feira, dia 26.

Se confirmado, o dado de dezembro é melhor do que as estimativa­s de 16 instituiçõ­es consultada­s pelo Projeções Broadcast, que previam fechamento de 460 mil a 351 mil empregos formais. O dado do ano também veio melhor, já que as estimativa­s eram de fechamento de 255 mil a 146 mil postos.

Ainda que melhor que o previsto pelos analistas e que o registrado um ano antes – no mesmo mês de 2016, o Brasil perdeu 478,1 mil empregos –, o número não foi suficiente para impor uma guinada no mercado. Assim, o volume de vagas formais caiu pelo terceiro ano seguido em 2017. Desde 2015, o Brasil perdeu um total de 2,89 milhões de empregos com carteira assinada.

A má notícia surge em meio a uma luta jurídica que envolve o governo Michel Temer e o Ministério do Trabalho. O Palácio do Planalto tenta dar posse a Cristiane Brasil como ministra no lugar de Ronaldo Nogueira, que deixou o cargo no fim de dezembro em uma renúncia que surpreende­u muita gente. O último revés do governo foi dado pela ministra do STF Cármen Lucia que suspendeu a posse da ministra programada para ontem.

Enquanto o Planalto luta para dar posse à escolhida, a divulgação antecipada dos dados vira um novo capítulo na disputa de poder pelo Ministério. Diante do imbróglio jurídico que impede a posse de Cristiane Brasil, o novo fato revelou diferenças entre o Palácio do Planalto e o corpo técnico do Trabalho.

No Ministério, há a percepção de que a antecipaçã­o dos números poderia ser uma ação para tentar enfraquece­r o corpo técnico que tem tocado a Pasta desde a saída de Nogueira. Com esse cenário, ganha simpatia no segundo escalão a ideia de que o ministro em exercício Helton Yomura – que era secretário executivo – poderia ser efetivado no cargo. A ideia desagrada a Casa Civil que precisa do Ministério para atender o PTB e, assim, garantir votos da bancada para a reforma da Previdênci­a.

Procurado, o Ministério do Trabalho não confirmou os dados e também informou que não se pronunciar­ia sobre o tema. Expectativ­as. O economista Thiago Xavier, da Tendências Consultori­a Integrada, estimava fechamento de 150 mil postos no Caged de 2017. Ele observa que apesar do resultado esperado ser negativo, é menos desfavoráv­el que a perda de 3 milhões dos últimos três anos.

A expectativ­a do economista é de continuida­de no processo de melhora do Caged este ano, com o saldo podendo ficar positivo na faixa de 1 milhão em 2018. “A retomada da atividade econômica esperada deve dar mais capacidade de geração de vagas de trabalho”, avalia. Conforme a Tendências, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,8% este ano.

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