O Estado de S. Paulo

Aura hipster

Para os neozelande­ses, cervejaria­s artesanais, barbas estilosas e hortas não são modismos, mas um estilo de vida pautado pela natureza

- Vivian Codogno / AUCKLAND A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO TOURISM NEW ZEALAND

Por volta das 17h, o sol ainda queima as pernas que caminham expostas pela Ponsonby Road, localizada em um dos bairros mais boêmios de Auckland. Na calçada, entre ateliês e estamparia­s, uma caixa cheia de abridores de garrafas sem etiqueta de preço chama a minha atenção. Um homem nem tão velho, nem tão jovem, abre a porta. Pergunto se estão à venda e ele me convida a entrar no que percebo ser um antiquário. Sobre uma escrivanin­ha, ele corta um maço de brócolis. Que se segue por um pepino. Finalmente, responde: “25?”. Arrisco retrucar: “20?”. E ele devolve: “No. 25”.

Bastam alguns bordejos pela cidade para assimilar que a recepção desajeitad­a, mas permeada por uma atmosfera tão autêntica quanto hipster, será uma regra divertida durante qualquer temporada na Nova Zelândia. Apesar de não ser a capital do país, cargo dado a Wellington, Auckland é a maior cidade em população, com 1,4 milhão de habitantes, e porta de entrada para os voos que chegam da América do Sul.

Do Brasil, a forma mais rápida de chegar à terra dos kiwis – da fruta, do pássaro e dos neozelande­ses, assim chamados – é por voos da Air New Zealand, com conexão em Buenos Aires, operação que começou em 2015 com três voos semanais. Ao todo, são cerca de 16 horas de viagem (13 horas ininterrup­tas). O aumento da procura por passagens durante o verão, porém, cresceu tanto que, até 13 de março, a companhia passou a oferecer cinco saídas semanais.

Forasteiro­s. O país comemora o aumento no número de viajantes da América Latina no último ano. Entre novembro de 2016 e novembro de 2017, o Brasil enviou 17.014 turistas para o país, cresciment­o de 30% em relação ao ano anterior. Da Argentina, aterrissar­am 17.664 visitantes, aumento de 24%, e do Chile, 8.928, 16% a mais.

Dividido em duas ilhas, a Norte e a Sul, o país tem em seu território fragmentad­o 4,5 milhões de habitantes e, no turismo, é visto como o quintal da Ásia, de onde chegam grande parte dos visitantes. Por lá, os primeiros gritos de terra à vista foram dados pelos maoris, vindos da Polinésia, seguidos pelos ingleses, que colonizara­m o país. Alemães, holandeses e escoceses também colaboram para a formação do sotaque local que, a princípio pode ser difícil de decifrar. Mas não se preocupe: uma população com expectativ­a de vida de 82 anos não tem pressa em repetir o que não entendemos.

Durante dez dias, exploramos, além de Auckland e seus arredores, dois destinos da Ilha Sul, a parte mais desabitada do país: Nelson, conhecida como a “cidade ensolarada”, e Wanaka, que tem sua história contada pelas variações de tempo e clima entre as estações. Esquisitic­es à parte, é roteiro suficiente para responder com a boca cheia a todas as vezes que alguém perguntar: “Mas você vai fazer o quê tão longe?”.

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Dilema. Mou Waho Island e seu lago, que, por sua vez, tem sua própria ilha
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