O Estado de S. Paulo

Mortes nas Marginais aumentam 23%

Registro de óbitos passou de 26 em 2016 para 32 em 2017; para presidente da CET, alta não está ligada aos novos limites de velocidade

- Bruno Ribeiro

O número de mortos na Marginal do Tietê subiu de 15 para 19 e na do Pinheiros, de 11 para 13, na comparação entre 2016 e o ano passado, quando a Prefeitura aumentou o limite de velocidade das vias. Para a CET, não há relação entre as mortes e o aumento da velocidade.

O total de mortes em acidentes de trânsito aumentou nas Marginais do Tietê e do Pinheiros em 2017, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgados ontem. Foram 32 óbitos, ante 26 registrado­s em 2016. O aumento é de 23%. No total, os motociclis­tas estão presentes em 68% dos casos.

Na Marginal do Tietê, o número de mortes passou de 15 para 19, na comparação entre os dois anos, e na do Pinheiros, de 11 para 13. Os números de 2017, entretanto, ainda podem sofrer alterações porque os dados de dezembro ainda podem mudar. O balanço final sai em abril.

O presidente da CET, João Octaviano, refuta a ideia de que o aumento de mortes tenha relação com a alta dos limites de velocidade aplicados nas vias em 2017. Para ele, “não há nenhuma evidência de que o aumento de velocidade­s tenha relação”. Amanhã faz um ano que a alteração da velocidade máxima nas Marginais foi implementa­da pelo prefeito João Doria (PSDB).

Octaviano argumenta que quatro mortes acontecera­m em trechos onde não houve aumento de velocidade­s das vias. Outros seis casos, segundo sua análise, foram resultado da “imprudênci­a” de motoristas e pedestres. Como exemplo, ele citou o caso ocorrido no fim do ano em que uma mulher alcoolizad­a matou três pessoas, e o de uma moradora de rua que se jogou embaixo de um caminhão.

Os argumentos, porém, não são unanimidad­e entre especialis­tas da área. Engenheiro de trânsito e ex-ombudsman da CET para redução de acidentes com pedestres, Luiz Célio Bottura afirma que o aumento de casos pode, sim, ter relação com os limites. “No geral, olhando para a cidade inteira, o número de acidentes caiu. Mas eles não mexeram na cidade inteira. Mexeram só nas marginais, onde aumentou.”

A redução a que Bottura se refere foi divulgada na semana passada, pelo Sistema de Informaçõe­s Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga), mantido pelo governo do Estado. Os números mostram que, fechado o ano, houve uma diminuição de 7% no total de mortes da cidade em 2017, na comparação com o ano anterior. O Infosiga e a CET, entretanto, têm metodologi­as diferentes para aferir os dados. Socorro. De acordo com a CET, o número de ocorrência­s de trânsito registrada­s nas duas vias passou de 22 mil casos em 2016 para 36 mil em 2017. Para a companhia, como mais agentes estão fiscalizan­do as vias, houve aumento da capacidade de registro, de atendiment­o de acidentes e de socorro a veículos com panes.

O total de agentes era de 170 em 2016 e passou para 268 em 2017. A empresa afirma que esse aumento de custos de operação se deu por demandas da via que já eram necessária­s com os limites antigos, e não foram adotadas apenas para tentar evitar acidentes com os limites novos.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO
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