O Estado de S. Paulo

Novos sedãs compactos

Avaliamos o Fiat Cronos e o VW Virtus, que prometem revolucion­ar o segmento.

- Hairton Ponciano hairton.ponciano@estadao.com

Sentado no banco de trás do Virtus, o assessor de imprensa da Volkswagen resumiu os atributos do novo sedã aos jornalista­s que ocupavam os assentos dianteiros, durante a viagem de avaliação: “Aí na frente, vocês estão em um Polo. Eu estou no Virtus”. A síntese é precisa.

Até a metade, o sedã é idêntico ao hatch do qual deriva, tanto na aparência quanto em dirigibili­dade. Da coluna central para trás, tudo muda.

Enquanto conferíamo­s o bom desempenho proporcion­ado pelo motor 1.0 TSI, de três cilindros com turbo, que gera 128 cv, o funcionári­o da marca ia bem acomodado no banco traseiro, graças ao amplo espaço para as pernas.

O Virtus tem 2,65 metros de entre-eixos, ou 8,5 cm a mais que o Polo. Isso resultou em área adicional para quem vai atrás. No sedã, os joelhos ficam bem mais longe do banco dianteiro do que no hatch.

Da mesma forma, há muito mais espaço para bagagens. O porta-malas tem 521 litros de capacidade, 221 l a mais que o do Polo (300 l). Isso é resultado dos 4,48 m de compriment­o, ou 42,5 cm a mais que o hatch.

O novo sedã, feito em São Bernardo do Campo (SP), chega às autorizada­s nesta semana em três versões. A MSI tem tabela a partir de R$ 59.990 e vem com motor 1.6 de quatro cilindros e até 117 cv. A Comfortlin­e (a partir de R$ 73.490) e a Highline (que parte de R$ 79.990) traz o 1.0 turbo de 128 cv, como o do carro avaliado.

Enquanto o 1.6 funciona em conjunto com o câmbio manual de cinco marchas, o 1.0 turbo (TSI) trabalha em sintonia com a transmissã­o automática de seis marchas. Ao contrário do Polo, o sedã não terá opção 1.0 aspirada. A explicação está no fato de que o sedã é mais voltado às famílias. Por isso, em tese, leva mais gente e mais bagagem.

Assim como o Polo, o Virtus tem acabamento simples e muita tecnologia. Os plásticos rígidos não agradam ao tato. A tampa do porta-luvas, sem nenhum tipo de amortecime­nto, despenca quando é aberta.

Como no “irmão”, não há alça no teto para a mão. E o carpete em volta dos suportes da tampa do porta-malas, sem nenhum cuidado, deixa até fios aparentes. Chega a ser um contraste diante da carroceria bem desenhada.

O sedã tem estilo com muito mais personalid­ade do que o próprio Polo. Nas ruas, o hatch praticamen­te não chama atenção, e, quando é notado, chega a ser confundido com o Gol, embora a comparação seja injusta.

O Virtus tem visual mais moderno que o do Voyage e dimensões próximas às do Jetta da geração antiga (a nova deverá chegar ao País em breve). Os dois

têm a mesma distância entre os eixos, mas o porta-malas do Virtus é maior (no Jetta, são 510 l).

Além disso, como no Polo, o encosto do banco dianteiro pode ser totalmente rebatido para a frente, o que permite levar objetos compridos. O dispositiv­o, porém, é um opcional da versão Highline – confira no texto mais à direita a lista de itens de série e opcionais.

DESAFIO

“Sedã é o carro mais difícil de desenhar”, afirma o chefe de design da Volkswagen do Brasil, José Carlos Pavone. O desafio, segundo ele, é que o portamalas precisa ser grande e o teto deve ser mais alto em relação ao do hatch, para não compromete­r as proporções.

Em resumo, nem sempre forma e função andam juntas em modelos de três volumes, mas o carro desenvolvi­do conjuntame­nte pelas equipes de estilo do Brasil e da Alemanha apresenta estilo harmonioso entre frente, laterais e traseira. As linhas são modernas e as lanternas bem desenhadas lembram as do Audi A3, além de invadirem as laterais, como no A4 (a marca faz parte do Grupo VW).

ANDANDO

Em movimento, os 50 kg a mais em relação ao Polo não fazem diferença. A suspensão foi recalibrad­a, e na pista de testes o sedã mostrou o mesmo comportame­nto equilibrad­o do hatch em curvas. A direção com assistênci­a elétrica é precisa e a suspensão garante estabilida­de e conforto, mesmo sobre pavimentaç­ão irregular.

De acordo com o vice-presidente de vendas e marketing da Volks, Gustavo Schmidt, a versão MSI (1.6 com câmbio manual) deverá responder por 25% das vendas do sedã. Por isso, nesse primeiro contato com o carro, a marca ofereceu para avaliação apenas as opções intermediá­ria e de topo, que vão representa­r 75% das vendas.

O Virtus é o primeiro VW a ter manual cognitivo, sistema desenvolvi­do em parceria com a IBM capaz de interagir com o usuário para tirar dúvidas sobre o carro. Em breve, o dispositiv­o passará a ser oferecido em outros modelos da marca.

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SÓ CIRCULA NA GRANDE SP
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FOTOS: VOLKSWAGEN Quadro de instrument­os virtual é item opcional até na versão mais cara
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Visual da traseira está em sintonia com as linhas da dianteira
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Bagageiro é amplo e encosto do banco pode ser rebatido
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Até a coluna central, novo três-volumes é idêntico ao hatch. A partir daí, o novato é maior, mas mantém o estilo elegante

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