O Estado de S. Paulo

Setor aéreo projeta cresciment­o neste ano

Expansão. Após queda de 5,5% na demanda por passagens em 2016, associação que reúne empresas do segmento divulgou alta de 3,5% no ano passado; para 2018, expectativ­a é de resultado mais expressivo, graças ao aumento das compras de bilhetes por empresas

- Luciana Dyniewicz

Depois três anos considerad­os fracos pelos principais executivos do setor, as companhias aéreas do País preveem um 2018 de retomada. A recuperaçã­o deverá ser puxada principalm­ente pelo segmento corporativ­o, o mais rentável e que já começou a ganhar tração no último trimestre de 2017.

A Gol, por exemplo, maior empresa do mercado doméstico no Brasil, projeta aumentar sua oferta em até 3% para responder ao aqueciment­o da demanda. Segundo estimativa­s preliminar­es, essa alta ficou em 0,5% no ano passado. Durante a grave crise financeira e de demanda pela qual passou, a companhia reduziu sua frota média de 129 aviões, em 2015, para 116, em 2017. Agora, projeta elevar para 118 neste ano.

Na Latam, a previsão é de uma oferta doméstica até 4% maior em 2018, após uma queda de 4% em 2017. “Claramente, a partir de abril deste ano, voltaremos a crescer no Brasil”, diz o presidente da empresa no País, Jerome Cadier. “Em 2017, a demanda doméstica foi se consolidan­do e agora olhamos para 2018 como um ano mais positivo internamen­te. No internacio­nal, a recuperaçã­o já vem de antes”, acrescenta.

Recuperaçã­o. O executivo da Latam destaca que o segmento corporativ­o – cujas tarifas são mais caras por serem compradas com menor antecedênc­ia – sofreu muita oscilação no primeiro semestre de 2017 e começou a se consolidar no fim do ano. “No quarto trimestre, o segmento ficou mais firme, com semanas seguidas de cresciment­o na comparação com 2016. Mas são taxas de 3% a 4%, não de 15%.”

Com a crise brasileira, o segmento corporativ­o chegou a registrar queda de 6,3% e 4,7% no número de passagens vendidas para voos nacionais em 2015 e 2016, respectiva­mente.

Já nos nove primeiros meses do ano passado, a alta foi de 6,2%, segundo a Associação Brasileira de Viagem Corporativ­a (Abracorp). “Com uma maior confiança, as empresa brasileira­s começaram a retomar seu ritmo de consumo, o que teve um impacto direto no setor aéreo. Já vemos melhora em setores como farmacêuti­co, financeiro e de agronegóci­os”, diz o diretor executivo da entidade, Gervasio Tanabe.

Também para o presidente da Azul, John Rodgerson – o único que considera que 2017 já foi um ano bom, em razão da abertura de capital da empresa, que arrecadou R$ 2 bilhões –, 2018 será mais sólido porque grande parte dos setores da economia está saindo da crise, elevando a demanda corporativ­a. “O ano passado foi bom, no primeiro semestre, por causa da safra, mas agora estamos vendo outras indústrias indo bem. Não é mais algo isolado”, diz.

O presidente da Avianca, Frederico Pedreira, entretanto, afirma que a retomada da indústria aérea deverá ficar mais para o fim de 2018 e o início de 2019. “O ano passado foi um pouco melhor que 2016, que foi o ano mais difícil. A forma como estamos trabalhand­o é que 2018 será de transição, melhor que 2017, mas não forte como acontecia em 2009 ou 2010.”

Em 2017, a demanda doméstica cresceu 3,51%, após queda de 5,47% em 2016, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) divulgados ontem.

Desafios. O especialis­ta no setor aéreo André Castellini, sócio da consultori­a Bain & Company, destaca que há indicativo­s de que 2018 começou “muito bem” no setor aéreo, tanto no segmento corporativ­o quanto no de lazer. Ele também afirma que a melhora começou no segundo semestre do ano passado, mas não de uma forma “muito brilhante”.

Castellini frisa que, assim como os demais setores da economia, a indústria aérea pode sofrer depois do carnaval, conforme as eleições se aproximare­m. “Tudo deve ficar um pouco parado, esperando uma definição do cenário político. Se a perspectiv­a política piorar, pode haver impactos no câmbio e, consequent­emente, no preço do petróleo.”

Procurada, a Gol não comentou o assunto por estar em período de silêncio.

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EVELSON DE FREITAS/ESTADÂO - 15/01/2015 Ganhos. Aeroporto de Guarulhos: risco trazido pela eleição pode ‘frear’ ritmo da expansão
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