O Estado de S. Paulo

Ex-secretário de Paes é preso na Lava Jato

‘Candidatur­a é para valer. Vai ajudar e muito a cumprir a cláusula de barreira’, afirma presidente do partido

- Igor Gadelha / BRASÍLIA

Anunciada na semana passada em evento no interior de Alagoas, a candidatur­a do ex-presidente e atual senador Fernando Collor (AL) à Presidênci­a da República tem o objetivo de garantir a sobrevivên­cia de seu partido, o nanico PTC, por causa das novas regras aprovadas pelo Congresso para que as legendas tenham acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV.

Pela chamada “cláusula de barreira”, aprovada em outubro passado, as legendas deverão atingir pelo menos 1,5% dos votos válidos para a Câmara em 2018 em pelo menos nove Estados ou ter eleito, no mínimo, 13 deputados em nove Estados. Nas eleições de 2014, o PTC ficou longe desse porcentual: teve apenas 0,35% dos votos e só conseguiu eleger dois deputados.

“A candidatur­a dele é para valer. Não é para fazer de conta. Ela vai ajudar e muito a cumprir a cláusula de barreira”, admitiu o presidente nacional do PTC, Daniel Tourinho, que dirige a legenda desde que ela se chamava Partido da Reconstruç­ão Nacional (PRN), sigla pela qual Collor foi eleito presidente em 1989 e que continuou quando sofreu impeachmen­t em 1992.

A estratégia do PTC é usar a candidatur­a como atrativo para eleger de nove a 11 deputados federais. Um deles será o filho do senador, Arnon Collor, atual vice-presidente na América Latina do grupo NBA, liga de basquete americano. O partido espera também as candidatur­as à reeleição dos atuais deputados Uldurico Pinto (PV-BA) e Brunny (PR-MG), que foram eleitos em 2014 pelo PTC, mudaram de agremiação e agora negociam o retorno à sigla.

A legenda também traçou como meta eleger de três a quatro senadores em outubro deste ano, pelo Amapá, Rio Grande do Norte e Amazonas. Eles se juntarão a Collor, que, caso não se eleja presidente, terá mandato de senador até 2022. Em Alagoas, a tendência é o PTC repetir a aliança de 2014 e apoiar a reeleição de Renan Filho (MDB) a governador e do pai dele, Renan Calheiros (MDBAL), a senador.

Réu na Operação Lava Jato, Collor é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organizaçã­o criminosa. Em agosto de 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia do então procurador­geral da República Rodrigo Janot contra o político. Ele é acusado de ter recebido ao menos R$ 29 milhões em propinas, entre 2010 e 2014. A defesa do senador nega e diz que vai provar sua inocência.

Convite. Tourinho afirmou que a ideia da candidatur­a de Collor partiu dos dirigentes do PTC. “Já tínhamos feito o convite desde o ano passado. Mas ele estava receoso pelas questões estaduais, uma cautela natural. Agora topou o desafio”, contou. Segundo o dirigente, na volta do recesso parlamenta­r, ele se reunirá com o senador para traçar as estratégia­s da pré-campanha e discutir nomes para vice.

O presidente do PTC adiantou que a ideia do partido é lançar o senador como um candidato de “centro-democrátic­o liberal”. “Entendemos que esse centro está órfão de uma liderança de peso”, afirmou. Ele rechaçou o eventual impacto negativo que o impeachmen­t e o pouco tempo de TV poderão ter sobre a candidatur­a. “Ele foi absolvido pela Justiça depois”, disse. Procurado, Collor informou, via assessoria, que não se pronunciar­ia.

Aposta •

“A candidatur­a dele é para valer. Não é para fazer de conta. Ela vai ajudar e muito a cumprir a cláusula de barreira. Ele será o candidato do centro-democrátic­o liberal. Esse centro está órfão de uma liderança de peso.” Daniel Tourinho

PRESIDENTE NACIONAL DO PTC

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 22/8/2017 Bancada. Senador Collor tem mais quatro anos de mandato

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