Liberdade de imprensa é tônica do novo filme de Steven Spielberg
The Post – A Guerra Secreta traz o dilema moral de divulgar informações secretas envolvendo questões de segurança nacional
Em tempo de tecnologias dinâmicas e redes sociais tão interativas, a facilidade para trocar informações pode esconder uma armadilha: as notícias falsas. Conhecidos também como “fake news”, esses conteúdos podem ter origem de muitas formas e sua distribuição não escapa de ser difamatória e prejudicial. Nesse sentido, o trabalho investigativo de jornalistas e o respaldo de veículos com credibilidade são necessários para legitimar informações ou esclarecer a inveracidade de dados equivocados. Mas e quando a notícia, além de verdadeira, revela documentos secretos e relatórios da segurança federal?
O filme The Post – A Guerra Secreta entra em cartaz esta semana com a história real do escândalo conhecido como Papéis do Pentágono, que revelou segredos dos EUA sobre a Guerra do Vietnã. Com direção de Steven Spielberg, o longa é estrelado por Meryl Streep e Tom Hanks. Ela na pele de Katharine Graham, então dona do
Washington Post na década de 70, e Hanks vivendo seu diretor executivo, Ben Bradlee, pressionando pela publicação dos arquivos secretos. A escolha é difícil, porque Graham não escaparia de um processo por desobediência judicial e conspiração, movido pelo então presidente Richard Nixon, além da impopularidade da decisão entre os investidores do jornal. Por outro lado, deixar de publicar seria descumprir o dever de informar e perder a chance de discutir as consequências nacionais de um conflito longo e caro aos Estados Unidos.
O grande estudo acadêmico que movimenta a trama em torno de sua publicação foi produzido por Daniel Ellsberg entre 1945 e 1967 e seu vazamento acende a cruzada de Nixon contra a imprensa. O longa metragem, que já foi indicado a seis prêmios do Globo de Ouro e é candidato ao Oscar este ano, discute também a difícil posição de uma mulher em círculos de poder, as amizades e lobbys envolvendo empresas de comunicação e, claro, traz à tona o tema da liberdade jornalística, temas do momento, especialmente quando o atual líder dos EUA lança constantes ataques à imprensa e severas críticas a Hollywood. A resposta veio nas telas e o enredo incentiva a discussão sobre os limites do Estado.