O Estado de S. Paulo

‘Este processo não é político e julgamento não é de exceção’

Procurador que já pediu aumento de pena para o petista Vaccari Neto vai defender condenação de Lula por Sérgio Moro

- procurador regional da República Ricardo Brandt ENVIADO ESPECIAL / PORTO ALEGRE Maurício Gotardo Gerum,

Responsáve­l pela acusação no julgamento de hoje em Porto Alegre, o procurador regional da República Maurício Gotardo Gerum (pronuncia-se “Guérum”) vai ocupar a cadeira que fica do lado direito do presidente da 8.ª Turma Criminal do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), Leandro Paulsen. Gerum será o terceiro a falar na sessão que analisa a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).

Com 30 minutos para sustentar aos desembarga­dores, Gerum vai defender a pena imposta a Lula e o aumento do tempo de prisão – inicialmen­te de 9 anos e 6 meses. Procurador de segunda instância, Gerum foi aprovado em concurso do MPF em 1996 e, desde 2014, trabalha com outros cinco membros da força-tarefa da Lava Jato, grupo criado para atuar nos processos do escândalo de corrupção na Petrobrás no TRF-4.

Aos 48 anos, o procurador tem perfil de técnico reservado. Ao abrir as fundamenta­ções de seu parecer, no processo de revisão da sentença de Lula, Gerum afirma que: “É indispensá­vel discorrer sobre o que esse processo penal não é”. “Esse processo penal não é um processo político e esse julgamento não é um julgamento de exceção.”

Avesso a entrevista­s, a porta do gabinete dele esteve fechada a semana toda para jornalista­s. “O trabalho dele é atrás dos processos”, disse um colega.

O procurador regional é um rosto pouco conhecido na Lava Jato, mas tem um papel importante na investigaç­ão. Entre 2016 e 2017, foi coordenado­r da assessoria criminal do ex-viceprocur­ador-geral da República Bonifácio de Andrada, quando atuou nos processos que envolviam alvos com prerrogati­va de foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ), como governador­es – algumas das apurações decorrente­s da megadelaçã­o premiada da Odebrecht.

Gerum atuou também no único dos três processos de revisão de pena do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, no qual o réu teve aumentada a pena de cadeia. Nesse processo, que trata da condenação do petista e do marqueteir­o João Santana por Moro, pela lavagem dos recursos de propinas da Petrobrás nas campanhas do partido, o TRF-4 elevou a condenação de Vaccari de 10 para 24 anos de prisão.

Crime organizado. Gerum foi também o responsáve­l pela Procurador­ia Especializ­ada no Combate ao Crime Organizado de Santa Catarina, entre 2003 e 2008. Sob o comando dele estiveram operações como a Dilúvio, de 2006, que descobriu um esquema de corrupção na “venda” de descontos tributário­s do Estados para exportaçõe­s fraudulent­as.

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SYLVIO SIRANGELO/TRF4. - 1/6/2016 Tribunal. Gerum atua na segunda instância da Lava Jato

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