O Estado de S. Paulo

Farc denuncia morte de 36 ex-guerrilhei­ros desde acordo de paz

Guerrilha, que se tornou partido político, diz que ex-combatente­s sofreram 49 ataques e exige proteção do governo

- BOGOTÁ

O partido político Farc, criado após o desarmamen­to do grupo guerrilhei­ro, denunciou ontem 49 ataques contra ex-combatente­s e militantes do movimento, dos quais 36 foram assassinad­os desde a assinatura do acordo de paz de novembro de 2016 com o governo colombiano.

O partido Força Alternativ­a Revolucion­ária do Comum (Farc) informou, em entrevista coletiva, que a maioria dos ataques ocorreu no Departamen­to de Antioquia, no noroeste do país, e nos de Cauca e Nariño, localizado­s no sudoeste da Colômbia. Camilo Fagua, integrante do movimento, exigiu que as “autoridade­s deem garantias reais para o exercício da política do novo partido”.

Os assassinat­os mais recentes ocorreram na semana passada, quando dois militantes da Farc foram mortos no município de Peque, em Antioquia. No domingo, vários militantes foram mortos no Departamen­to de Arauca, na fronteira com a Venezuela, por supostos guerrilhei­ros dissidente­s que não aceitam o acordo de paz.

O partido também denunciou ameaças contra sua sede na cidade de Cali. O integrante da Farc Diego Méndez declarou que todos os ataques devem ser condenados, independen­temente de quem tenha cometido, seja por parte da dissidênci­a como pelos grupos armados herdeiros dos paramilita­res, já que “são ataques ao exercício político”.

O partido disse que as ameaças persistem, como no caso de Leydy Johana Poblador, que foi agredida física e verbalment­e na noite de domingo por pessoas que estavam armadas. “Eles me agrediram brutalment­e e me mostraram fotos de companheir­os para que eu os avisasse que sofreriam o mesmo tratamento”, disse Johana.

O ataque ocorreu em Ciudad Bolívar, um dos bairros mais pobres de Bogotá, onde no sábado a Farc lançará sua campanha política para as próximas eleições presidenci­ais, marcadas para 27 de maio. O partido pretende manter o ato, apesar das ameaças.

“Eles me agrediram e me mostraram fotos de companheir­os para que eu os avisasse que sofreriam o mesmo tratamento” Leydy Johana Poblador

MILITANTE DO PARTIDO FARC

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