O Estado de S. Paulo

Investigaç­ão sobre Rússia chega ao gabinete de Trump

Jeff Sessions, secretário de Justiça, é interrogad­o sobre influência russa na eleição e teria pedido a demissão de vice-diretor do FBI

- WASHINGTON / W.POST,

A investigaç­ão que apura a influência russa nas eleições americanas de 2016 chegou ao gabinete do presidente Donald Trump. Um dos nomes mais próximos de Trump, o secretário da Justiça dos EUA, Jeff Sessions, foi interrogad­o pelo procurador especial Robert Mueller. O Departamen­to de Justiça dos EUA confirmou o encontro ontem, após o New York Times revelar a informação.

É a primeira vez que um integrante do gabinete de Trump é interrogad­o por Mueller, que conduz a investigaç­ão. O interrogat­ório foi na quarta-feira. Segundo uma fonte próxima ao caso, Sessions não havia sido intimado formalment­e. O New York Times afirmou que Sessions foi questionad­o “durante várias horas”. Não se sabe o conteúdo do depoimento, que está sob sigilo.

Sessions é visto como uma testemunha importante em razão de seu envolvimen­to na campanha de Trump. Um dos integrante­s mais ativos na eleição, ele foi obrigado a se afastar da investigaç­ão sobre o envolvimen­to da Rússia na campanha em março, depois de admitir que tinha mantido encontros com o então embaixador da Rússia nos EUA, Serguei Kislyak, no decorrer do processo eleitoral.

Na ocasião, Sessions disse que “seria incorreto estar à frente de uma investigaç­ão sobre uma campanha da qual participou”. Após a decisão de Trump de demitir o diretor do FBI, James Comey, até então responsáve­l pela investigaç­ão, Sessions foi aconselhad­o a não aceitar a

pressão do presidente para arquivar o caso.

Democratas e republican­os elogiaram a decisão de Sessions, mas Trump publicamen­te se mostrou irritado com seu secretário. A investigaç­ão do FBI é considerad­a uma ameaça ao governo porque pode revelar crimes de conspiraçã­o, obstrução de justiça e abuso de poder.

A suspeita de obstrução de justiça, embora difícil de provar, aumenta cada vez que surgem mais informaçõe­s de que o presidente tem pressionad­o o Departamen­to de Justiça a encerrar as investigaç­ões. Ontem, a NBC revelou que o atual diretor do FBI, Christophe­r Wray, ameaçou renunciar caso fosse obrigado a demitir seu vice, Andrew McCabe. A pressão, segundo fontes do Departamen­to de Justiça, viria exatamente de Sessions.

Em janeiro do ano passado, agências de inteligênc­ia dos EUA concluíram que a Rússia interferiu na eleição americana, tentando ajudar Trump a derrotar a candidata democrata Hillary Clinton. Os russos hackearam e divulgaram e-mails prejudicia­is a Hillary e disseminar­am propaganda nas mídias sociais para desacredit­á-la.

Indiciamen­to. Segundo o Washington Post, Mueller tentará ouvir Trump nas próximas semanas, para questioná-lo sobre a decisão de demitir Comey e o conselheir­o de Segurança Nacional Michael Flynn. Segundo o Post, Mueller tenta descobrir possíveis esforços do presidente para obstruir a investigaç­ão.

Quatro pessoas já foram indiciadas pelo procurador especial. O ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, e seu ex-sócio, Rick Gates, acusados de lavagem de dinheiro e falso testemunho. O ex-assessor de Segurança Nacional Michael Flynn e o ex-assessor de campanha de Trump, George Papadopoul­os, foram acusados de falso testemunho.

A Casa Branca voltou a garantir ontem que está cooperando com o inquérito. A porta-voz do governo, Sarah Huckabee Sanders, disse que não sabe se Trump e Sessions haviam conversado sobre o depoimento dado na semana passada.

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JONATHAN ERNST/REUTERS Inquérito. Procurador especial deve ouvir Trump sobre a demissão do diretor do FBI

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