O Estado de S. Paulo

CFM veta propaganda de clínica popular com preço

Resolução determina ainda que esses centros médicos se registrem nos Conselhos Regionais de Medicina

- BRASÍLIA / L.F.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) publica hoje uma resolução com regras para o funcioname­nto das clínicas populares, centros médicos que cresceram de forma expressiva nos últimos anos para atender um público que não tem planos de saúde e que não quer recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS). Essas clínicas prometem atendiment­o rápido e barato para problemas de menor complexida­de, como consultas e exames básicos. Geralmente estão instaladas em áreas onde há grande concentraç­ão de pessoas, como nas proximidad­es de estações de metrô.

A expansão da atividade, no entanto, veio acompanhad­a pelo cresciment­o das reclamaçõe­s. “Conselhos regionais registram um aumento expressivo de queixas. E os próprios profission­ais que atuam nesses serviços têm dúvidas. Por isso decidimos fazer a resolução”, conta o relator do texto, o conselheir­o do CFM Emmanuel Fortes.

Os termos publicados hoje são fruto de três anos de discussão. A norma procura inibir alguns problemas comuns reportados aos conselhos regionais, como a propaganda irregular, o uso de cartão de descontos, ou a conexão da clínica com outros serviços, como venda de órteses, próteses, drogarias ou pontos de comércio de outros produtos de saúde.

O texto proíbe, por exemplo, uma estratégia muito usada por parte das clínicas que é o anúncio do preço da consulta nas propaganda­s, veiculadas também em mídias sociais. “Algumas estabelece­m preços aviltantes, até R$ 20 por consulta”,

conta Fortes.

Os centros médicos terão de se registrar nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs).

Na inscrição, um diretor técnico médico terá de ser indicado. É ele quem responderá caso sejam comprovada­s irregulari­dades na clínica, afirmou Fortes. A inscrição no CRM é cobrada da clínica. O relator, no entanto, sustenta que esse registro é importante para ter maior controle e até mesmo para saber quantas clínicas hoje estão em funcioname­nto no País.

A resolução determina ainda que o corpo clínico seja composto por médicos com CRM no Estado onde vão atuar. Pela norma, é possível instalar os consultóri­os em locais onde há grande concentraç­ão de pessoas, como shoppings centers. Mas isso não vale para postos de gasolina. “Já fomos consultado­s sobre essa possibilid­ade. Por isso achamos melhor já deixar claro que não é permitido”, disse.

A norma entra em funcioname­nto dentro de 90 dias depois da data da publicação.

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