Reino Unido veta compra da Sky pela Fox
Para órgão regulador do país, aquisição de US$ 15,7 bilhões pode dar poder desproporcional a Rupert Murdoch
As autoridades regulatórias do Reino Unido vetaram ontem a aquisição do grupo de TV por assinatura britânico Sky pela Fox, do empresário Rupert Murdoch, um negócio de US$ 15,7 bilhões. A avaliação é que não há interesse público na operação, que deve ser barrada pelo governo local, a quem caberá a decisão final – a menos que se encontre uma forma de blindar da influência do magnata a produção de notícias da Sky News, principal canal pertencente ao Sky.
Em dezembro de 2016, a Fox firmou um acordo para adquirir os 61% da Sky que ainda não detém. A negociação, sujeita à aprovação das autoridades regulatórias, acendeu uma disputa política no Reino Unido sobre a influência que Murdoch exerce no país por meio dos veículos de mídia que já possui – caso dos jornais The Times e The Sun, bem como a participação já existente de 39% no capital da Sky.
Críticos do acordo argumentam que Murdoch pode influenciar a produção editorial da Sky News, um canal 24 horas deficitário, porém premiado, da mesma forma que faz com a Fox News nos Estados Unidos. A Sky alertou que, se o acordo fosse rejeitado por causa da Sky News, poderia fechar o canal.
O governo britânico, que ainda tomará uma decisão final sobre o acordo, pediu à Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) que julgue se Murdoch tem muita influência no Reino Unido e se cumpre os padrões televisivos. “O acordo resultaria na família Murdoch tendo muita influência sobre a opinião pública e a agenda política”, disse ontem Anne Lambert, da CMA.
A decisão inicial da autoridade britânica atrapalha ainda outros planos: a Disney concordou em adquirir a maioria dos ativos de Murdoch, incluindo a Sky, no fim do ano passado. A Disney esperava que Murdoch teria 100% da emissora europeia até o momento da conclusão da compra.