Manifestantes pró-Lula bloqueiam estradas
Grupos fecham estradas e invadem a sede da TV Globo no Rio; atos contra petista têm comemoração com fogos de artifícios e Pixulecos
Manifestantes contrários à condenação em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiram com vandalismo ao resultado do julgamento no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), que decidiu pelo aumento da pena imposta em primeiro grau ao petista. Tão logo ficou conhecido o resultado dos votos, o trânsito em três das principais rodovias que dão acesso a São Paulo – Régis Bittencourt, Dutra e Imigrantes – ficou temporariamente interrompido por queima de pneus na pista.
Houve registros de atos semelhantes também na Ponte do Socorro, na zona sul da capital paulista, prejudicando o trânsito na Marginal do Pinheiros, e em ruas de Porto Alegre, onde foi realizado o julgamento. Os atos foram organizados pela Frente Brasil Popular, que congrega entidades ligadas a movimentos sociais, principal base de sustentação de Lula nas ruas.
No Rio, a invasão ao prédio da TV Globo foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O grupo jogou tinta vermelha nas paredes do hall de entrada da emissora. O letreiro externo do prédio também foi manchado. A Polícia Militar informou que teve de intervir para retirar os manifestantes. “Eles foram retirados do interior do prédio e dispersaram em seguida. Não temos registro de presos ou feridos”, informou a polícia.
A Globo foi procurada, mas não respondeu até a conclusão desta edição. Desde a noite de anteontem, manifestantes favoráveis ao ex-presidente Lula marcavam uma “vigília” na porta da emissora, no horário do julgamento do recurso.
Ferrovia. Outros incidentes foram registrados antes mesmo do início do julgamento. Durante a madrugada, integrantes da Frente Nacional de Luta (FNL) interditaram a Estrada de Ferro Carajás na altura do quilômetro 854, no município de Parauapebas, no Pará. A ferrovia, operada pela Vale, é o principal meio de escoamento da produção de minério de ferro a céu aberto do mundo, em Carajás, no sudeste do Estado, para o Porto de Ponta da Madeira, em São Luís.
Em nota, a direção da Vale repudiou o que chamou de “ação criminosa e ilegal”, que, segundo a empresa, colocou em risco a operação ferroviária, interrompeu o transporte de minério, combustível e grãos, e afetou mais de 1,3 mil pessoas das comunidades que usam o trem de passageiros diariamente. Até a conclusão desta edição, a ferrovia estava fechada, segundo a assessoria da Vale.
Confronto. Em João Pessoa, pela manhã, o ato em defesa de Lula terminou em confronto com a PM e com ao menos quatro feridos. Um grupo ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) lançou pedras contra a sede da Justiça Federal e policiais que protegiam o prédio. Um agente foi atingido, chegou a desmaiar e teve de ser hospitalizado.
A PM reagiu com balas de borracha e bombas de efeito moral. Ao menos três manifestantes ficaram feridos, entre eles o deputado estadual Frei Anastácio (PT), que foi atingido por uma bala de borracha na testa.
Também houve manifestações em Campina Grande, Sapé, Jumé e Cajazeiras, no interior do Estado. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), integrantes do MST interditaram trechos das rodovias BR-101, BR-230 e BR-361, mas as estradas foram liberadas no início da tarde.
“A gente tem é que radicalizar na organização popular. Nós não vamos deixar de lutar.” Gleisi Hoffmann (PR)
SENADORA E PRESIDENTE DO PT