O Estado de S. Paulo

‘Não houve mudança na reforma’, diz Meirelles

Em Davos, ministro disse que posição do governo hoje é avaliar o texto da reforma da Previdênci­a sem alterações

- Célia Froufe

O governo ainda mantém o desejo de que o Congresso aprecie a proposta de reforma da Previdênci­a do texto que foi enviado à Casa sem alterações. Conversas serão feitas, no entanto, com o relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), que vem medindo a temperatur­a de quantos votos o projeto poderá angariar se mais concessões forem feitas.

Em Davos, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que “até o momento” não foi negociada nenhuma mudança. “Esta é a posição hoje”, frisou, após participar de uma discussão sobre o envelhecim­ento da população e de como sustentá-la, durante o Fórum Econômico Mundial. Ele fez questão de tomar cuidado ao dizer que é preciso separar opiniões e propostas do relator das do governo. “Ainda não fechamos uma proposta com o relator.”

Arthur Maia admitiu na quarta-feira que o texto poderá sofrer novas alterações desde que resultem concretame­nte em votos. Essas mudanças atenderiam a alguns grupos específico­s, como o de servidores públicos. Entre as sugestões estão a pensão integral a familiares de policiais mortos em serviço e uma regra de transição diferente da proposta aos assegurado­s do INSS.

Também poderia haver algum tipo de atendiment­o para servidores que foram admitidos até 2003. O relator fez as observaçõe­s após encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que também está no exercício da Presidênci­a da República, já que Michel Temer também participou do fórum de Davos.

“Ele (Arthur Maia) está conversand­o com diversos congressis­tas e segmentos da Câmara, sentindo quais são as demandas. Está medindo o que é concessão versus o que dar em troca. Isso está ao mesmo tempo sendo analisado pelo governo”, enfatizou Meirelles. Ele disse, no entanto, que o governo vai analisar se será preciso fazer alguma mudança de fato.

“Evidenteme­nte que o relator está fazendo todas as negociaçõe­s e trazendo o que são as demandas e a opinião dele do que deveria ser feito para, de fato, ganhar a votação. Isso não é a posição do governo.”

Emendas. Meirelles também disse que quando retornar ao Brasil deverá conversar com Temer sobre a liberação de emendas. Pelo desenho atual, o Planalto vai abrir as torneiras para conseguir aprovar a reforma até fevereiro. “Precisa discutir isso. O presidente está voltando para o Brasil, eu volto no fim de semana e vamos conversar para saber exatamente qual será o encaminham­ento disso agora que estamos na fase final do processo”, afirmou o ministro. Ele disse estar confiante de que a reforma da Previdênci­a vai à votação no mês que vem, embora, internamen­te, no governo, técnicos já considerem essa possibilid­ade remota.

“Ainda não fechamos uma proposta com o relator (da reforma da Previdênci­a).” Henrique Meirelles MINISTRO DA FAZENDA

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LAURENT GILLIERON/EFE Emendas. Meirelles disse que conversará com Temer

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