O Estado de S. Paulo

Governo reserva mais dinheiro para emendas

Em ano de eleição e votação da reforma da Previdênci­a, inclusão de pedidos de parlamenta­res na conta ‘restos a pagar’ do Orçamento teve alta de 51%

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Em ano eleitoral e de votação da reforma da Previdênci­a, o governo garantiu um espaço orçamentár­io maior para as emendas parlamenta­res individuai­s e de bancada. O volume de emendas de parlamenta­res inscritas no chamado restos a pagar (despesas de exercícios anteriores que ainda não foram quitadas) para este ano aumentou R$ 4,5 bilhões (51%), atingindo R$ 13,29 bilhões, de acordo com relatório divulgado ontem pelo Tesouro Nacional.

O que chama atenção no aumento dos restos a pagar de emendas é que, no fim do ano, os ministério­s tinham recebido recursos para quitar despesas, pois houve dois desbloquei­os do Orçamento: R$ 7,5 bilhões em novembro e R$ 5 bilhões em dezembro. Ou seja, os ministério­s tinham dinheiro para gastar e quitar as emendas, mas não o fizeram. Os motivos não são explicados pelo Tesouro, mas esse movimento dos ministério­s contribuiu para que o déficit das contas do governo ficasse bem abaixo da meta fiscal de R$ 159 bilhões – o resultado será divulgado na semana que vem.

O Planalto já admitiu publicamen­te que conta com a liberação das emendas para garantir apoio para a reforma da Previdênci­a e outras medidas.

Os restos a pagar são despesas empenhadas, mas não pagas pelo governo até 31 de dezembro, ficando o desembolso de fato para o ano seguinte. Nos últimos dias de 2017, os ministério­s correm para inscrever as despesas de emendas em restos a pagar. Essas despesas agora vão disputar espaço orçamentár­io com as previstas para 2018.

A maior parte do incremento das emendas de parlamenta­res é do ministério da Saúde: R$ 1,5 bilhão. Mas foi no Ministério da Integração Nacional que o cresciment­o disparou, com alta de 185,8% (R$ 877 milhões), seguido pelos ministério­s das Cidades (R$ 781 milhões) e da Agricultur­a (R$ 339 milhões).

Elevação. A forte elevação de restos a pagar foi a principal razão para as despesas de outros anos que foram inscritas para ser quitadas em 2018 terem saltado para R$ 155 bilhões. Um aumento

de 4,6% (R$ 6,8 bilhões) ante 2017 (R$ 148,2 bilhões).

Essa alta aconteceu após dois anos de retração e da entrada em vigor de um plano traçado pelos ministério­s da Fazenda e do Planejamen­to para diminuir os restos a pagar por determinaç­ão do Tribunal de Contas da União (TCU). Os R$ 155 bilhões em restos a pagar equivalem a 7% do Orçamento deste ano.

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