O Estado de S. Paulo

Pela Presidênci­a, Alckmin admite apoiar o PSB em SP

No comando de SP desde 1995, tucanos abririam mão da cabeça de chapa para apoiar a reeleição de Márcio França

- Adriana Ferraz Fabio Leite

O governador Geraldo Alckmin já admite apoiar seu vice, Márcio França (PSB), para sua sucessão no Palácio dos Bandeirant­es, informam Adriana Ferraz e Fabio Leite. Se isso se confirmar, o PSDB terá de abrir mão de candidatur­a própria ao governo pela primeira vez desde a sua criação, em 1988, o que significar­ia de antemão deixar o comando do maior colégio eleitoral do País depois de 24 anos no poder. Em troca de apoio na campanha e com receio de que uma disputa entre aliados pelo governo paulista prejudique o projeto presidenci­al da legenda, alckmistas articulam a construção de um palanque único no Estado no qual os tucanos deixariam a cabeça de chapa para apoiar França. A tese defendida pelos

aliados mais próximos do governador é a de que o “projeto nacional é prioridade” para o partido. França, que assumirá o governo estadual em abril, quando Alckmin terá de renunciar para concorrer à Presidênci­a, já lançou sua précandida­tura. No PSDB, quatro nomes ainda postulam a candidatur­a ao governo do Estado.

Determinad­o a fortalecer sua candidatur­a ao Planalto, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) já admite perder o comando de São Paulo depois de 24 anos de seu partido no poder. Em troca de apoio na campanha e com receio de que uma disputa entre aliados pelo governo paulista prejudique o projeto presidenci­al da legenda, alckmistas articulam a construção de um palanque único no Estado, no qual os tucanos abririam mão da cabeça de chapa pela primeira vez na história da sigla para apoiar a reeleição do vice Márcio França (PSB).

A tese defendida pelos aliados mais próximos do governador é a de que o “projeto nacional é prioridade” para a sigla eleger Alckmin presidente e retomar o governo federal depois de 16 anos, mesmo que para isso seja necessário abrir mão do controle do Estado mais rico da Federação.

França, que vai assumir o governo em abril, quando Alckmin terá de renunciar para concorrer à Presidênci­a da República, já lançou sua pré-candidatur­a e tem anunciado apoio de outras legendas. No PSDB, quatro nomes ainda postulam a candidatur­a, entre eles o prefeito da capital, João Doria.

A possibilid­ade de apoio ao nome de França passou a ser admitida publicamen­te pelo próprio governador e presidente nacional do PSDB depois que o senador José Serra anunciou que não vai disputar a eleição. Para Alckmin, “não é obrigatóri­o” o candidato ao governo ser do seu partido. “Se o Márcio França assumir o governo é natural que ele queira ser candidato. Aliás, só pode disputar o governo do Estado, é legítimo. Agora, se pudermos ter um candidato só, melhor. Se não, também é natural que o PSDB tenha candidato”, afirmou o governador ao Estado.

Na prática, contudo, os alckmistas já atuam para que a ampla aliança que compõe o atual governo paulista, formada por oito partidos, tenha apenas um candidato em outubro, conforme antecipou a Coluna do Estadão. Um dos objetivos é evitar que a divisão no campo governista com duas candidatur­as leve à eleição estadual para o segundo turno, o que não

acontece desde 2002. Isso, segundo os interlocut­ores do Palácio dos Bandeirant­es, acirraria a disputa em São Paulo com potencial de respingar na campanha presidenci­al de Alckmin.

Descrito como leal ao governador, França ganha a preferênci­a por já ter uma candidatur­a consolidad­a e que terá a máquina estadual na mão durante a campanha – além da certeza de que só poderá ficar quatro anos no cargo, abrindo a possibilid­ade de volta do PSDB ao comando do Estado em 2022.

Ontem, Alckmin e França cumpriram agenda conjunta em São Vicente, cidade onde o vice iniciou sua carreira política.

Alianças. Ao abrir mão do Estado mais rico da federação para o PSB, Alckmin também conseguiri­a atrair para a sua coligação um partido com forte atuação no Nordeste, onde o governador paulista se mostra mais frágil eleitoralm­ente, e outras legendas que já fecharam apoio a França no Estado, como o PR.

O objetivo do grupo de Alckmin é consolidar o nome do governador como o único candidato de centro na disputa presidenci­al. Com o PSB amarrado em São Paulo, Alckmin ficaria livre para oferecer a vice na chapa ao Palácio do Planalto ao DEM, o que tiraria do páreo uma eventual candidatur­a do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ).

Mas há resistênci­as no PSDB. “Sempre vou defender que o PSDB tenha candidatur­a própria. Há dez anos, por exemplo, fui contra apoiar a eleição do prefeito (Gilberto) Kassab para que o governador fosse candidato pelo PSDB. O Fernando Henrique foi reeleito presidente com palanques de Mário Covas e Paulo Maluf. Tenho certeza deque o Marcio França vai apoiar a eleição de Alckmin independen­temente de qualquer contrapart­ida. Descarto o partido ter um vice”, disse Bruno Covas.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Campanha. França (esq.), com Alckmin, vistoria obras em São Vicente
 ?? AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO ?? Agenda. Ao lado de França, Alckmin vistoriou ontem obra de ambulatóri­o em São Vicente, reduto eleitoral de seu vice
AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Agenda. Ao lado de França, Alckmin vistoriou ontem obra de ambulatóri­o em São Vicente, reduto eleitoral de seu vice

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