O Estado de S. Paulo

Estratégia esbarra em Doria

- Adriana Ferraz e Fabio Leite

Se concretiza­da, a jogada vai impedir não só o voo ao Planalto de João Doria, mas também o estadual, ao menos no PSDB. Em público, no entanto, o prefeito de São Paulo nega que tenha ambições eleitorais para este ano.

Pouco mais de um ano após assumir o comando da capital paulista, o prefeito João Doria (PSDB) pode ser obrigado a refazer, pela segunda vez, seus planos políticos e cumprir a promessa que fez lá atrás aos paulistano­s quando tomou posse: ser gestor da cidade por quatro anos, o que ele tem reafirmado publicamen­te. A jogada de seu padrinho político, Geraldo Alckmin, se concretiza­da, vai impedir não só o voo presidenci­al de seu afilhado, mas também o estadual – ao menos no PSDB.

Para aliados de Alckmin, que ficou contrariad­o com a ambição presidenci­al demonstrad­a por Doria ao longo do ano passado, amarrá-lo na Prefeitura seria o desfecho perfeito para quem pensou que poderia furar a fila e colocar em risco um xadrez montado no palanque de 2014 – quando o tucano convidou Márcio França (PSB) para ser seu vice. Vem daí o acordo, mesmo que informal, de Alckmin com França em prol de “um projeto nacional”.

O arranjo frustra ainda as pretensões políticas do vice-prefeito Bruno Covas (PSDB). Principal articulado­r de alianças partidária­s em prol da candidatur­a de Doria ao Bandeirant­es, o neto de Mário Covas é o maior interessad­o na renúncia do atual prefeito para conseguir repetir o feito do avô, que administro­u a cidade entre 1983 e 1986. Agora, os alckmistas trabalham para dissuadir a ala do partido que ainda prega a candidatur­a própria no Estado com o argumento de que só um tucano pode defender o legado de Alckmin.

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