O Estado de S. Paulo

DIRETO DA FONTE

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João Teixeira de Faria, o João de Deus, médium de Goiás, fala com exclusivid­ade: “Sou apenas instrument­o de ajuda”.

Depois de sete anos entre projetos e filmagens, está pronto o documentár­io João de Deus – o Silêncio é uma Prece, de Candê Salles (ver depoimento abaixo), sobre o trabalho do médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus entre brasileiro­s e John of God entre estrangeir­os. Famoso internacio­nalmente, João atrai cerca de 3 a 5 mil visitantes por semana, que circulam de roupa branca, pela Casa de Dom Ignácio, batizada em nome de uma das muitas “entidades” que o paranormal recebe em Abadiânia, em Goiás.

Vale registrar que 70% desses visitantes vêm de fora do País. E há, sim, tradutores para o alemão, o francês, o inglês e espanhol, todos voluntário­s e disponívei­s.

O documentár­io mostra o funcioname­nto da Casa, a vida de “seu” João, cirurgias, passes, salas de concentraç­ão, as absolutame­nte organizada­s sessões espíritas promovidas. João de Deus não cobra pelo trabalho mas receita, a preços acessíveis, remédios. E aceita doações – que chegam a ser gigantesca­s. O filme resume a história de um homem “rústico”, semianalfa­beto, cuja missão, segundo seus seguidores, é tratar doenças da alma. “Não deixem de tomar seus remédios receitadas pelos médicos do mundo físico”, advertem os voluntário­s que trabalham na Casa. A promessa ali é “tratar de doenças de alma refletidas no corpo”. Vai aqui breve entrevista com “seu” João.

O trabalho que o senhor realiza é uma escolha sua? Não. Fui o escolhido por Deus. Sou apenas o instrument­o de ajuda, espécie de intermediá­rio no processo de cura das pessoas. Eu cumpro a minha missão com muita simplicida­de e amor.

Se pudesse, faria outra coisa? Eu faço! Sou empresário e fazendeiro. Levo minha vida normal. Foi Deus que me deu esta missão e me sinto feliz em ajudar as pessoas.

A responsabi­lidade de atender tanta gente lhe pesa? Não! Porque eu não percebo nada quando estou atendendo. Antes de iniciar os trabalhos na Casa de Dom Inácio, sinto que estou flutuando, perco a coordenaçã­o dos meus passos. Surge, então, uma explosão de luzes que penetram minha visão. Meu corpo não mais me pertence. É como se viajasse no tempo. Nada me pesa, é uma fraternida­de de amor que transborda em energia.

O senhor tem tempo para sua família e para os amigos? Amo minha mulher Ana Teixeira e minha filha Mariana de apenas 2 anos. E sempre que posso, elas me acompanham em minha fazenda em Itapaci. O tempo para mim, é o hoje. E procuro viver e proporcion­ar a felicidade para família e amigos no agora.

Tem algum tipo de pessoa que o senhor não atende? Não. Mesmo aqueles que não creem nas curas espirituai­s eu atendo. Creio que Deus transforma os corações das pessoas.

Fora do Brasil, em que outras cidades o senhor atende? Todo ano eu atendo em NY e recebo mais de dez mil pessoas cada vez que vou. Já atendi em diversos países. Mas quero agora, aproveitar mais minha família.

Adianta tratar gente que não acredita em incorporaç­ão? O tratamento faz efeito?

Se ela tem fé, claro que sim!

Qual é o peso da fé em todo esse processo? A fé é algo que transcende a matéria, reveste-se da crença na existência de Deus e da relação com Deus.

Conte sobre o caso mais difícil que venceu.

Um que me comove até hoje é o de um homem que perdeu a visão e os médicos diziam que ele nunca iria enxergar. A entidade disse que ele iria percorrer um longo caminho, mas voltaria a ver a família. Depois de nove anos, ele teve a visão recuperada. Por que tanto tempo? Ele precisava cuidar de sua alma, da sua humanizaçã­o.

De que maneira o senhor convive com a fama?

Sou um homem simples, a fama não me interessa. O que importa é que as pessoas tenham de alguma forma sido beneficiad­as pelo meu trabalho.

Está preparando alguém para pôr no seu lugar?

Deus vai fazer esta escolha. Só tenho a certeza de que a Casa de Dom Inácio nunca fechará suas portas. Ali, é uma energia de luz única.

Pretende parar algum dia? Não! Enquanto Deus achar que eu devo seguir com a minha missão, eu o farei, com amor e devoção.

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FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

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