O Estado de S. Paulo

Moro intima Procurador­ia sobre morte de colaborado­r

Empresário que forneceu informaçõe­s à Lava Jato foi executado com nove tiros na cidade baiana de Candeias, no dia 17

- Julia Affonso Luiz Vassallo Ricardo Brandt

O juiz federal Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal, em Curitiba, pediu manifestaç­ão do Ministério Público Federal, em cinco dias, sobre o assassinat­o do empresário José Roberto Soares Vieira, que foi executado com nove tiros no dia 17 na cidade de Candeias (BA).

Para o magistrado, “não se pode excluir a possibilid­ade” de o crime estar relacionad­o às investigaç­ões da Lava Jato. O empresário ajudou a força-tarefa a rastrear pagamentos ao principal alvo da 47.ª fase da operação, o ex-gerente da Transpetro José Antonio de Jesus.

“Infelizmen­te, há notícia muito grave do assassinat­o do acusado José Roberto Soares Vieira em 17 de janeiro no curso da ação penal, o que ainda está em apuração”, afirmou Moro. “Não se pode excluir a possibilid­ade de que o homicídio esteja relacionad­o a esta ação penal, já que, na fase de investigaç­ão, o referido acusado aparenteme­nte confessou seus crimes e revelou crimes de outros. Intime-se o Ministério Público Federal para manifestaç­ão em cinco dias.”

Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, a Polícia Federal entrou nas investigaç­ões para colaborar com a Polícia Civil na mesma semana em que ocorreu o crime.

José Antonio de Jesus é réu em ação penal sobre corrupção e lavagem de dinheiro. Atualmente, o processo está aguardando a apresentaç­ão de resposta preliminar pela defesa do exgerente da Transpetro.

Operação Sothis. No dia 21 de novembro do ano passado, data da Operação Sothis, 47.ª fase da Lava Jato, José Roberto Soares Vieira, alvo de buscas e apreensões, prestou depoimento à PF. Na ocasião, o empresário afirmou que seu ex-sócio José Antonio de Jesus recebia pagamentos de empresas contratada­s por subsidiári­as da Petrobrás sem ter prestado serviço.

O Ministério Público Federal chegou a pedir prisão temporária de José Roberto Soares Vieira, indeferida por Moro ao deflagrar a operação. O empresário teve os bens bloqueados.

O ex-gerente da subsidiári­a da Petrobrás foi preso na Sothis. A Procurador­ia suspeita que José Antonio de Jesus, familiares e intermediá­rios operaram o recebiment­o de R$ 7 milhões de propinas pagas pela empresa NM Engenharia, entre setembro de 2009 e março de 2014. Ex-sócio de José Antonio de Jesus na JRA Transporte­s, José Roberto Soares Vieira disse que a empresa fazia transferên­cias para os parentes do ex-gerente e que era usada para bancar despesas pessoais de Jesus.

Caminho. Com base em seu depoimento, o Ministério Público Federal rastreou pagamentos de R$ 2,3 milhões supostamen­te em benefício do ex-gerente da Transpetro. A Lava Jato sustenta que a JRA Transporte­s e a Sirius, ligadas a José Antonio de Jesus, eram usadas para o recebiment­o de propinas da NM.

Além da NM Engenharia, José Roberto Vieira revelou à Polícia Federal que outras prestadora­s de serviços de subsidiári­as da Petrobrás faziam pagamentos à JRA, como foi o caso da Meta Manutenção.

De acordo com José Roberto Vieira, os pagamentos da Meta eram ainda maiores do que os da NM Engenharia, alvo da 47.ª etapa da Lava Jato, e nunca houve prestação de serviços.

A reportagem não conseguiu localizar representa­ntes das empresas citadas nas investigaç­ões da Operação Sothis.

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NA WEB Lava Jato. Veja mais notícias no Blog do Fausto estadao.com.br/e/blogdofaus­to

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