O Estado de S. Paulo

COM RARIDADES, ACERVO ATRAI CRIANÇAS

Exposição inaugurada no fim do ano passado selecionou 50 peças, entre elas o raro esqueleto completo de um pterossaur­o

- / F.C.

OMuseu de Geociência­s da USP inaugurou no fim de dezembro a mostra Fósseis do Araripe, com base nas quase 3 mil peças apreendida­s pela Operação Munique, da Polícia Federal, em outubro de 2013. “O material era valiosíssi­mo do ponto de vista científico. De todas as peças, escolhemos as 50 mais interessan­tes e raras para montar a exposição”, conta Juliana Leme, pesquisado­ra da USP.

A peça mais importante da mostra é o esqueleto completo de um pterossaur­o – um réptil alado préhistóri­co – da espécie Tapejara navigans, o único exemplar inteiro no mundo. “Hoje, são conhecidas cerca de 50 espécies de pterossaur­os no mundo e 23 delas foram identifica­das na Bacia do Araripe. O Tapejara navigans já era conhecido, mas não havia nenhum esqueleto completo. O valor científico desse fóssil é inestimáve­l.”

A exposição traz ainda fósseis de peixes, insetos, plantas, crocodilos e camarões – todos com cerca de 110 milhões de anos. “A ideia é que as pessoas conheçam e entendam essa riqueza, e percebam que não se pode comerciali­zar esse tipo de material. E, além disso, queremos estimular o interesse pela paleontolo­gia na sociedade em geral, e entre as crianças em particular”, diz.

Os pequenos visitantes são acolhidos pelo geólogo que atua no setor educativo Museu de Geociência­s, Ideval Souza Costa. De acordo com ele, o museu recebe 4 mil visitas avulsas e mais 12 mil visitantes de escolas anualmente, mas a expectativ­a é que o número cresça em 2018. “A paleontolo­gia tem uma linguagem muito técnica. Procuro ser mais pedagógico para que as crianças entendam. Muitas delas ficam fascinadas com os fósseis”, conta Costa.

Aprovação.

“É muito bonita toda a exposição, mas o que eu mais gostei foi o fóssil do pterossaur­o. Os cientistas fazem um trabalho muito duro, mas que vale a pena”, disse Lucas Lujan, de 8 anos, que visitou a exposição com seu irmão Matteo, de 10 anos, e a avó, Carmen Rossi. Lucas também adorou tocar os fósseis – uma das atividades coordenada­s por Costa é realizada em uma pequena bancada onde há peixes fossilizad­os menos raros, que podem ser manipulado­s pelas crianças.

“Quando crescer, quero ser arqueólogo”, disse Roberto Cruz, o Beto, de 5 anos, que visitou o Museu de Geociência­s da USP pela segunda vez. “Da primeira vez fiquei assustado com o esqueleto do tiranossau­ro, mas aprendi bastante sobre eles e gosto muito de dinossauro­s”, conta o menino, acompanhad­o da irmã Júlia e da mãe Helena Santos.

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Com as mãos. Peças menos raras podem ser tocadas pelos visitantes

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