Rivais têm metas distintas no clássico
Em começo de temporada turbulento, São Paulo tenta evitar crise e Corinthians tem como objetivo mostrar que espírito vencedor de 2017 permanece
Corinthians e São Paulo terão hoje, às 17h, no Pacaembu, a primeira prova de fogo de 2018, pela 4.ª rodada do Paulistão. Enquanto o campeão estadual e brasileiro tenta mostrar que o espírito vitorioso da última temporada ainda está vivo, os rivais tentam deixar a desconfiança para trás e provar para o torcedor que o São Paulo pode voltar ao rumo das conquistas. Mais que isso: para o tricolor, vencer o clássico significará evitar uma crise que parece estar próxima. Tropeço pode até colocar em risco o emprego de Dorival Junior.
A angústia do São Paulo vem justamente da impressão de que o time começou 2018 no mesmo sufoco que passou a maior parte de 2017, ano que o torcedor quer esquecer. Depois de uma derrota na estreia do Estadual para o São Bento por 2 a 0 e de um empate sem gols com o Novorizontino, em casa, Dorival Junior se viu obrigado a recuar na ideia de alternar dois times para evitar desgaste. Ele também sabe que, se continuar derrapando, haverá pressão por sua saída.
Ao apostar no entrosamento, o São Paulo bateu o Mirassol por 2 a 0. Mas o clima no CT da Barra Funda não mudou muito com o triunfo. Até porque fora de campo também passou por maus momentos quando uma das principais peças do time, Cueva, se recusou a jogar contra o Mirassol, tornando incerta sua permanência no clube. O peruano não jogará o clássico.
Há também a pressão por mais reforços. Na prática, mais força para um time desacreditado. Para o duelo contra o Corinthians, o discurso é de confiança, mas o grupo sabe que precisa se afirmar.
“O clássico dá confiança, moral, respaldo com a torcida, além de que é muito importante
para nossas pretensões”, analisa o zagueiro tricolor Anderson Martins. “Se dermos um passo vitorioso, o trabalho vai fluir e a desconfiança criada nos últimos anos vai diminuir. A pressão (sobre o São Paulo) tem sido colocada pela temporada passada, que foi adversa, mas penso que não entramos no clássico com essa pressão, mas sim cientes da responsabilidade que temos.”
Cansaço. No Corinthians, o técnico Fábio Carille está tranquilo no cargo e sua preocupação é com a parte física do elenco. Por isso, preferiu não
adiantar a escalação e sua maior dúvida é justamente no ataque. Sem Jô, que foi para o Japão, ele ainda não definiu quem é o novo titular e aguarda pela chegada de reforço.
Enquanto isso, o jeito é tentar se virar com Júnior Dutra e Kazim. O treinador iniciou a temporada com Kazim como titular, mas o turco não soube aproveitar as oportunidades. Ao contrário de Júnior Dutra, que entrou bem, fez gol, mas não é um centroavante de ofício. O restante do time, apesar do cansaço, deve ser o mesmo que venceu a Ferroviária no jogo passado.
O treinador disse ontem que os defensores e o volante Gabriel estavam reclamando de dores e ainda não sabia se poderia contar com todos, mas a tendência é que os atletas joguem, já que depois terão uma semana para descansar, pois o time só voltará aos gramados no domingo que vem, para enfrentar o Novorizontino.
Fábio Carille acredita que o clássico logo no início do torneio terá como vantagem o fato de as equipes poderem conhecer sua força e terem tempo para corrigir os problemas. Ele cita a experiência do ano passado.
“A gente tem que enfrentar o que tem de mais forte o quanto antes, para dar tempo de arrumar a equipe’’, disse o treinador corintiano. “No ano passado, o quarto jogo da temporada foi o clássico com o Palmeiras, que vencemos (por 1 a 0, na Arena) e percebemos o que poderíamos fazer.”