O Estado de S. Paulo

Rivais têm metas distintas no clássico

Em começo de temporada turbulento, São Paulo tenta evitar crise e Corinthian­s tem como objetivo mostrar que espírito vencedor de 2017 permanece

- Daniel Batista Matheus Lara

Corinthian­s e São Paulo terão hoje, às 17h, no Pacaembu, a primeira prova de fogo de 2018, pela 4.ª rodada do Paulistão. Enquanto o campeão estadual e brasileiro tenta mostrar que o espírito vitorioso da última temporada ainda está vivo, os rivais tentam deixar a desconfian­ça para trás e provar para o torcedor que o São Paulo pode voltar ao rumo das conquistas. Mais que isso: para o tricolor, vencer o clássico significar­á evitar uma crise que parece estar próxima. Tropeço pode até colocar em risco o emprego de Dorival Junior.

A angústia do São Paulo vem justamente da impressão de que o time começou 2018 no mesmo sufoco que passou a maior parte de 2017, ano que o torcedor quer esquecer. Depois de uma derrota na estreia do Estadual para o São Bento por 2 a 0 e de um empate sem gols com o Novorizont­ino, em casa, Dorival Junior se viu obrigado a recuar na ideia de alternar dois times para evitar desgaste. Ele também sabe que, se continuar derrapando, haverá pressão por sua saída.

Ao apostar no entrosamen­to, o São Paulo bateu o Mirassol por 2 a 0. Mas o clima no CT da Barra Funda não mudou muito com o triunfo. Até porque fora de campo também passou por maus momentos quando uma das principais peças do time, Cueva, se recusou a jogar contra o Mirassol, tornando incerta sua permanênci­a no clube. O peruano não jogará o clássico.

Há também a pressão por mais reforços. Na prática, mais força para um time desacredit­ado. Para o duelo contra o Corinthian­s, o discurso é de confiança, mas o grupo sabe que precisa se afirmar.

“O clássico dá confiança, moral, respaldo com a torcida, além de que é muito importante

para nossas pretensões”, analisa o zagueiro tricolor Anderson Martins. “Se dermos um passo vitorioso, o trabalho vai fluir e a desconfian­ça criada nos últimos anos vai diminuir. A pressão (sobre o São Paulo) tem sido colocada pela temporada passada, que foi adversa, mas penso que não entramos no clássico com essa pressão, mas sim cientes da responsabi­lidade que temos.”

Cansaço. No Corinthian­s, o técnico Fábio Carille está tranquilo no cargo e sua preocupaçã­o é com a parte física do elenco. Por isso, preferiu não

adiantar a escalação e sua maior dúvida é justamente no ataque. Sem Jô, que foi para o Japão, ele ainda não definiu quem é o novo titular e aguarda pela chegada de reforço.

Enquanto isso, o jeito é tentar se virar com Júnior Dutra e Kazim. O treinador iniciou a temporada com Kazim como titular, mas o turco não soube aproveitar as oportunida­des. Ao contrário de Júnior Dutra, que entrou bem, fez gol, mas não é um centroavan­te de ofício. O restante do time, apesar do cansaço, deve ser o mesmo que venceu a Ferroviári­a no jogo passado.

O treinador disse ontem que os defensores e o volante Gabriel estavam reclamando de dores e ainda não sabia se poderia contar com todos, mas a tendência é que os atletas joguem, já que depois terão uma semana para descansar, pois o time só voltará aos gramados no domingo que vem, para enfrentar o Novorizont­ino.

Fábio Carille acredita que o clássico logo no início do torneio terá como vantagem o fato de as equipes poderem conhecer sua força e terem tempo para corrigir os problemas. Ele cita a experiênci­a do ano passado.

“A gente tem que enfrentar o que tem de mais forte o quanto antes, para dar tempo de arrumar a equipe’’, disse o treinador corintiano. “No ano passado, o quarto jogo da temporada foi o clássico com o Palmeiras, que vencemos (por 1 a 0, na Arena) e percebemos o que poderíamos fazer.”

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