O Estado de S. Paulo

Mercado favorável para a emissão de debêntures

-

A emissão de debêntures – papéis de médio e longo prazos emitidos por empresas privadas ou estatais, podendo ser não conversíve­is ou conversíve­is em ações – atingiu R$ 88,2 bilhões em 2017, um valor surpreende­nte, representa­ndo um salto de 45% em relação a 2016, segundo informa a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A expectativ­a é de que o total aumente substancia­lmente neste ano tanto pelas condições do mercado, que tende a ser mais receptivo a debêntures em razão da retração prevista dos empréstimo­s do BNDES.

Do total emitido no ano passado, só 10% foram debêntures incentivad­as, destinadas à infraestru­tura e isentas do Imposto de Renda. Esse segmento pode ter um desempenho mais dinâmico em 2018, se se concretiza­rem as privatizaç­ões previstas no Programa de Parceria de Investimen­tos (PPI) do governo federal, bem como as iniciativa­s de parcerias público-privadas (PPP) de governos estaduais e de prefeitura­s.

O grande atrativo das aplicações em debêntures é o rendimento, que pode ser a taxas pré ou pós-fixadas. No ano passado, por exemplo, como informa a Anbima, a remuneraçã­o média das debêntures foi de 106,4% dos Certificad­os de Depósito Interbancá­rio (CDI), cujos juros acompanham de perto a taxa básica de juros (Selic). Os economista­s alertam, no entanto, para os riscos envolvidos, uma vez que as aplicações em debêntures não contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que é de R$ 250 mil por instituiçã­o bancária. Além disso, tem-se observado que as negociaçõe­s desses títulos antes do vencimento muitas vezes são feitas com grande deságio.

Mas há também mecanismo de segurança – as companhias só podem emitir debêntures com autorizaçã­o de uma assembleia geral- extraordin­ária (AGE) e aprovação da Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM), e que só aquelas de capital aberto, com intermedia­ção de um banco, podem negociar esses papéis em bolsa.

Sob o ponto de vista das condições gerais de financiame­nto da economia, em uma fase de recuperaçã­o, é importante assinalar que o fortalecim­ento do mercado de debêntures é muito relevante como fonte privada de financiame­ntos a mais longo prazo, que, no País, tem sido exageradam­ente dependente de instituiçõ­es vinculadas ao setor público.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil