O Estado de S. Paulo

Vagas privilegia­m homens, jovens e com maior escolarida­de

Enquanto os homens fecharam o ano com 21,6 mil vagas abertas, houve queda de 42,4 mil postos para mulheres

- Fernando Nakagawa / BRASÍLIA

Após perder 2,8 milhões de empregos com carteira assinada em 2015 e 2016, o ritmo de demissões caiu no ano passado e 20,8 mil postos de trabalho foram fechados em 2017. Há, porém, segmentos em que empregos estão a todo vapor. Jovens de até 24 anos e trabalhado­res com nível médio ou ensino superior ganharam espaço no mercado de trabalho. A razão, porém, é negativa: empresas contratam jovens com salários menores e escolariza­dos aceitam empregos que exigem qualificaç­ão inferior para voltar ao mercado de trabalho.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) mostraram que trabalhado­res mais jovens, com até 24 anos, foram beneficiad­os com a criação de 823,9 mil postos de trabalho em 2017. Ou seja, brasileiro­s nessa faixa etária tiveram mais contrataçõ­es do que demissões. Para os mais velhos, o comportame­nto foi exatamente o contrário. Nas faixas com idade superior a 25 anos, 844,7 mil empregos foram destruídos no ano passado, sendo que apenas na faixa entre 50 e 64 anos foram fechados 379,9 mil vagas.

“Essa é uma estratégia de sobrevivên­cia das empresas. Quando você contrata um jovem, paga salário menor”, disse

Diferença •

“Essa é uma estratégia de sobrevivên­cia das empresas. Quando você contrata um jovem, paga salário menor.” Mário Magalhães COORDENADO­R DE ESTATÍSTIC­AS

DO MINISTÉRIO DO TRABALHO

o coordenado­r-geral de estatístic­as do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães. Os dados confirmam o fenômeno: empresas demitiram mais velhos para substituí-los por jovens mais baratos.

Em dezembro, demitidos tinham salário médio de R$ 1.701, enquanto os que foram contratado­s ingressara­m com média de R$ 1.476 – ou 13% menos. Escolarida­de. Os brasileiro­s com ensino médio completo ou formação superior terminaram o ano passado com 362,5 mil novos empregos. O momento do mercado de trabalho para quem tem menos anos de escola, ao contrário, segue desfavoráv­el, e houve perda de 383,3 mil empregos no conjunto de todas as faixas de escolarida­de entre analfabeto­s e os que têm ensino médio incompleto. Magalhães diz, porém, que o fenômeno não é positivo: na verdade, as pessoas estão aceitando postos abaixo de sua qualificaç­ão.

O Ministério também divulgou o comportame­nto do emprego por gênero. Esse recorte mostra que homens ganharam espaço no mercado, já que houve abertura de 21,6 mil vagas ocupadas trabalhado­res do sexo masculino. Já as mulheres perderam 42,4 mil empregos com carteira assinada em 2017.

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