O Estado de S. Paulo

Depois de três anos, arrecadaçã­o volta a crescer

- Lorenna Rodrigues Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

Depois de três anos em queda, a arrecadaçã­o de impostos e contribuiç­ões federais voltou a crescer acima da inflação em 2017. De acordo com dados divulgados ontem pela Receita Federal, o órgão recolheu R$ 1,34 trilhão em 2017, um aumento real de 0,59% e o maior valor registrado desde 2015.

Contribuír­am para o resultado a recuperaçã­o da atividade econômica – que impulsiono­u principalm­ente o pagamento de tributos relacionad­os à produção da indústria e à massa salarial – e receitas de programas de parcelamen­to de débitos, conhecidos como Refis.

No ano passado, depois de intensa negociação, o Congresso Nacional aprovou um novo Refis mais vantajoso para os devedores do que o governo queria. Ontem, o órgão informou que a arrecadaçã­o com o novo Refis (incluindo contribuin­tes que migraram de programas anteriores para este) somou R$ 26 bilhões.

Também contribuiu para o resultado positivo de 2017 a elevação das alíquotas de PIS/Cofins sobre os combustíve­is, que represento­u R$ 5,6 bilhões a mais de receitas no ano passado.

Em dezembro, a arrecadaçã­o somou R$ 137,84 bilhões, alta real de 4,93% em relação ao mesmo mês de 2016. O montante arrecadado foi o melhor para meses de dezembro desde 2014.

O chefe do centro de estudos tributário­s e aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, disse que o resultado da arrecadaçã­o federal de 2017 reflete o início da recuperaçã­o da atividade econômica e encerra um ciclo de três anos de queda. “O ritmo da atividade econômica está em linha com as nossas projeções e com o resultado da arrecadaçã­o”, afirmou.

Perspectiv­a positiva. Para ele, a arrecadaçã­o “com certeza” vai crescer em 2018, conforme a recuperaçã­o da atividade econômica neste ano. “A expectativ­a é que o resultado positivo para a arrecadaçã­o continue. E posso dizer? Em janeiro está muito bom”, adiantou.

De acordo com a Receita, se fossem retiradas da conta as arrecadaçõ­es atípicas – principalm­ente os tributos pagos com a repatriaçã­o de recursos do exterior em 2016 e com o Refis em 2017 – a arrecadaçã­o teria um cresciment­o real de mais de 1% no ano passado em comparação com o anterior, já que só de repatriaçã­o foram R$ 48 bilhões.

Na avaliação do economista da Tendências Silvio Campos Neto, o recolhimen­to de tributos deve ganhar ainda mais ritmo neste ano, no embalo de um cresciment­o mais consistent­e aguardado na atividade econômica. Isso, segundo ele, contribuiu para tirar do radar a possibilid­ade de o governo ter de aumentar imposto para recompor receita, mesmo que haja uma frustração, por exemplo, com a privatizaç­ão da Eletrobrás, com a qual espera levantar R$ 12 bilhões. “Acho difícil imaginar aumento de impostos num ano de eleição.”

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