O Estado de S. Paulo

‘GANHEI UM PAI, UM GUIA’

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Foi ao saber da cura de um câncer da mulher de um amigo que o documentar­ista Candé Salles tomou uma decisão: fazer um documentár­io sobre João de Deus. Entre a decisão e a conclusão do trabalho, foram sete anos. E a transforma­ção em sua vida, enorme.

Processo. O documentar­ista encontrou o médium pela primeira vez em um restaurant­e em SP. “Pedi permissão para fazer o filme e ele perguntou: ‘Meu filho, você vai fazer um filme sobre a verdade?’ Eu disse que sim. Então ele me deu permissão para filmar tudo o que eu quisesse”, conta o diretor. Mas seu João fez uma exigência: que eu fosse até Abadiânia pedir permissão para a “entidade” de plantão – um dos espíritos que “baixam” no corpo do médium. “Nunca acreditei neste tipo de coisa mas queria fazer o documentár­io, e lá fui eu”, diz Candé.

Permissão. Em Abadiânia, o documentar­ista entrou em uma fila e relatou, à entidade que tomou conta do corpo de seu João, que o médium o havia escolhido para fazer o filme. “Ele me contradiss­e: explicou que quem me escolheu na verdade foi ele e que seu João foi só o mensageiro”. Dito isto, colocou condições.” O cineasta passou o dia de pé abraçado a um cristal gigante ao lado da cadeira da “entidade”, em um salão fechado, olhando o movimento. “Ali repensei a minha vida inteira”. Depois, por ordem do medium, foi dormir sozinho, no mirante da Casa. “Fiz a viagem mais louca da minha vida”.

Experiênci­a pessoal. Ao longo do processo de filmagem, o diretor vivenciou uma experiênci­a de autoconhec­imento. “Foi a melhor mudança da minha vida. Comecei a doar amor e a sentir paz. Abri meu coração para todos os seres humanos, coisa que não fazia antes, atropelado pela ansiedade da vida urbana”, revela. “Sinto que a paz está em todos os lugares da Casa de Dom Inácio. Aprendi que o silêncio é uma prece e deve ser respeitado”, diz. “Parei de beber e de me preocupar com coisas superficia­is. Venho do universo da publicidad­e, moda, que é muito poluído e nada disso importa de verdade”.

Polêmica. Um dos aspectos mais polêmicos de João de Deus são suas operações visíveis. O filme, conta Candé, inclui imagens desses procedimen­tos. “Mostro operações em que ele usa instrument­os como faca e tesoura.” Os pacientes não reclamam dos cortes, que sangram muito pouco.

Relação com João de Deus. “Ganhei um pai, um guia e um melhor amigo e vou cuidar disso até o fim de minha vida”.

O filme. João de Deus – O Silêncio é Uma Prece tem sessão para convidados nesta segunda, 29, no MIS. E estreia ainda este ano, em circuito nacional. Com presença confirmada do médium.

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