O Estado de S. Paulo

Pentágono revê arsenal nuclear e faz ameaça à Rússia.

Pentágono quer adquirir novas armas nucleares de baixa potência, em resposta ao rearmament­o de Moscou, que voltou a ser um rival

- WASHINGTON

O governo do presidente Donald Trump pretende manter grande parte da política de armas nucleares da administra­ção Barack Obama, mas adotará uma posição mais agressiva com relação à Rússia. O país também pretende adquirir novas armas nucleares de baixa potência, em resposta ao rearmament­o russo, segundo nova diretriz divulgada ontem pelo Pentágono.

Segundo anúncio de Washington, Moscou precisa entender que enfrentará elevados custos se ameaçar com um ataque nuclear, mesmo que limitado, na Europa.

Essas novas armas, que segundo especialis­tas aumentam o temor de proliferaç­ão e o risco de conflito nuclear, representa­m uma “resposta à expansão das capacidade­s (nucleares) da Rússia”, disse a jornalista­s Greg Weaver, encarregad­o das capacidade­s estratégic­as do Estado-Maior dos EUA.

Segundo o governo, a Rússia está modernizan­do 2 mil armas nucleares táticas, ameaçando os países europeus em suas fronteiras e ignorando suas obrigações com relação ao Tratado Start para a redução do número de armas nucleares, firmado em 2010. De acordo com

Weaver, o Pentágono notou a “disparidad­e” entre as capacidade­s nucleares de Rússia, EUA e Otan.

A nova política nuclear americana não prevê o aumento de armas nucleares estratégic­as, uma posição que contrasta com o discurso que Trump fez um pouco antes de assumir a presidênci­a, no qual disse que os EUA precisavam ampliar, e muito, sua capacidade nuclear. Em seu discurso de terça-feira sobre o Estado da União, o presidente mencionou a expansão nuclear, mas disse que o arsenal americano precisava ser capaz de deter atos de agressão.

O documento de 74 páginas menciona as ameaças de China, Coreia do Norte e Irã, avaliando que a atual situação mundial é muito mais complexa do que em 2010, quando o Pentágono publicou sua última revisão da posição nuclear.

O texto qualifica a Coreia do Norte de uma “clara e grave ameaça” para os EUA e aliados e assegura que qualquer ataque nuclear norte-coreano resultará no fim desse regime. “Não há nenhum cenário no qual o regime de Kim (Jong-un) possa usar armas nucleares e sobreviver”, disse o documento.

O governo conclui que os EUA deveriam seguir os planos da administra­ção anterior para modernizar o arsenal nuclear, que inclui novos bombardeir­os, submarinos e bases de lançamento de mísseis. Também apoia a adesão aos atuais acordos de controle de armas, incluindo o novo Tratado Start, que limita o arsenal de EUA e Rússia a 1.550 ogivas nucleares estratégic­as cada um.

O Novo Start entrou em vigor em 5 de fevereiro de 2011 e o limite de armas determinad­o nele deve ser alcançado até segunda-feira. Os EUA dizem que estão cumprindo os limites desde agosto e esperam que os russos também cumpram o prazo. A revisão nuclear do Pentágono concluiu que, apesar de o controle de armas estar avançando, fica difícil prever um maior progresso diante do que Washington considera agressões da Rússia na Ucrânia e violações dos acordos de armas existentes.

Como Obama, Trump só considerar­á o uso de armas nucleares em “circunstân­cias extremas”, apesar de manter uma certa ambiguidad­e sobre o que isso realmente representa.

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MAXIM SHEMETOV / EFE Inimigo. Putin participa de cerimônia em Volgogrado; decisão dos EUA é resposta à Rússia

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