Polícia do Irã prende 29 mulheres por tirar véu em protesto
Em manifestações de desafio à lei que as obriga a cobrir cabelo, iranianas penduram os hijabs em varinhas
Autoridades iranianas anunciaram ontem a prisão de 29 mulheres em protestos contra a obrigatoriedade do uso do hijab, uma espécie de véu islâmico. As prisões ocorreram em meio a uma campanha que se espalhou pelas redes sociais nas últimas semanas. O uso da vestimenta para cobrir o cabelo é obrigatório para as mulheres iranianas desde a revolução de 1979.
“A polícia prendeu 29 pessoas que perturbaram a ordem social e as entregou à Justiça”, declararam as autoridades do Irã em comunicado publicado pelas agências de notícias oficiais. O governo, segundo o jornal britânico The Guardian, afirmou que as mulheres presas foram “induzidas” a participar da manifestação “Quartas-Feiras Brancas”, difundida via satélite por canais não autorizados.
A campanha, organizada desde maio pela jornalista iraniana radicada nos EUA Masih Alinejad, pede que iranianas tirem fotos sem os véus ou usando véus brancos e as postem na internet às quartas-feiras.
“Estamos lutando contra o símbolo mais visível da opressão”, disse à Reuters a ativista, que mantém um website chamado Minha Liberdade Escondida, no qual as iranianas podem postar as fotos de protesto.
Pressão. Alinejad contou que a campanha ganhou maior repercussão após vídeos e fotos de uma mulher balançando um hijab branco na ponta de uma varinha serem postados na internet no dia 27 de dezembro, um dia antes dos protestos contra as condições econômicas do Irã ocorrerem no leste do país.
O vídeo ficou conhecido após a repressão às manifestações – que se ampliaram e passaram a exigir a saída do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. Segundo a ativista, a mulher que agitou o véu branco foi presa. Ela foi libertada depois de um mês, segundo o advogado Nasrin Sotudeh.
De acordo com o Guardian, “mulheres em todo o país têm protestado subindo em equipamentos de telecomunicações nas ruas, retirando os véus e agitando-os na ponta de varinhas”. “Elas estão dizendo: Basta, estamos no século 21 e queremos ser nós mesmas”, afirmou Alinejad. “Não estão lutando contra um pedaço de pano, mas contra a ideologia por trás do uso compulsório do hijab.”