Após 14 anos, Janet Yellen deixa o Fed
Janet Yellen se despede hoje do Federal Reserve, o banco central dos EUA, após 14 anos na instituição, sendo os quatro últimos como presidente, tendo levado a economia americana à menor taxa de desemprego em quase duas décadas, resistindo aos pedidos de elevação de juros mais rapidamente.
O caminho paciente que ela traçou permitiu ao Fed começar a reverter, sem grandes turbulências, as medidas agressivas de estímulo que ela defendeu com força durante e após a crise financeira de 2008. Especialista em mercado de trabalho, Yellen demandou maior atenção aos custos do desemprego ao dirigir o Fed, defendendo uma redução lenta das medidas de liquidez ainda em vigor.
Seu legado está apenas parcialmente escrito. Uma parte fica na dependência de se verificar se o Fed terá condições de continuar a aumentar os juros gradualmente, mas não tão lentamente a ponto de os baixos custos de empréstimos gerarem uma bolha de ativos que resulte em recessão – como aconteceu em 2001 e 2007.
Na última reunião de política monetária presidida por Yellen, quarta-feira, o Fed decidiu manter inalterada uma taxa de juros na faixa de 1,25% a 1,50%.
Sob novo comando. O presidente dos EUA, Donald Trump, optou por não oferecer a Yellen um segundo mandato como líder do Fed. Em vez disso, nomeou para o cargo Jerome Powell, que atua no Fed desde 2012. Powell herda um quadro econômico promissor. O crescimento da economia americana está estável, o mercado de ações está em alta, a geração de vagas de trabalho é robusta e o desemprego está no menor nível em 17 anos.
Colegas dizem que Yellen será lembrada por reforçar o compromisso do Fed com a geração de emprego, que durante décadas ficou em segundo plano, já que a prioridade era manter a inflação na meta.
Como vice-presidente do Fed, entre 2010 e 2014, Yellen foi forte defensora de medidas sem precedentes – como a manutenção dos juros de curto prazo perto de zero e a compra de títulos para baixar as taxas de longo prazo – para aumentar a geração de empregos e o crescimento econômico. Ao se tornar presidente da instituição, as pressões para aumento de juros cresceram, mas Yellen demonstrou habilidade em convencer seus colegas de que o momento exigia cautela. O Fed esperou até dezembro de 2015 para começar a aumentar as taxas. /
“O Fed deve elevar os juros quatro vezes neste ano para atuar de forma preventiva e evitar o sobreaquecimento da economia.” Ryan Sweet
DIRETOR DE ECONOMIA EM TEMPO REAL
DA MOODY´S ANALYTICS