O Estado de S. Paulo

Família Bertin oferece Rodoanel aos credores

- Renata Agostini

O grupo Heber, da família Bertin, pretende pagar seus credores com o que conseguir levantar na venda da concession­ária que administra os trechos Leste e Sul do Rodoanel de São Paulo, a SPMar. Trata-se do ativo mais valioso do grupo, que também é dono de uma construtor­a, entre outras empresas. A venda da administra­dora do Rodoanel é a base do primeiro plano de recuperaçã­o judicial formulado pelo grupo, que deve cerca de R$ 8 bilhões.

O documento, ao qual o Estado teve acesso, propõe que o recebido com o leilão da SPMar vá diretament­e para o pagamento dos credores. Sugere ainda que as dívidas acima disso sejam perdoadas. A Caixa é a principal credora do Heber, com quase R$ 3 bilhões a receber.

O grupo não apresentou no plano estimativa sobre quanto deve levantar com a venda da concession­ária do Rodoanel. A ideia é que o leilão ocorra em até 24 meses após a aprovação do plano.

A proposta de reestrutur­ação do Heber ainda deve sofrer alterações até que seja de fato levada à votação em assembleia de credores em alguns meses. A modelagem dessa primeira versão, porém, deve servir como base para as negociaçõe­s a partir de agora.

O Heber entrou em recuperaçã­o judicial em agosto do ano passado. Foram incluídas dez companhias do grupo no processo – entre elas, a própria concession­ária do Rodoanel.

Os negócios da família Bertin estão em crise há alguns anos. Endividada e sem dinheiro para arcar com os altos investimen­tos demandados no Rodoanel, a crise se agravou. No ano passado, o Banco Fibra entrou com pedido de falência da Contern, uma das empresas do grupo, precipitan­do o pedido de recuperaçã­o judicial.

O grupo é representa­da no caso pelo escritório Thomaz Bastos, Waisberg e Kurzweil.

Os Bertin controlava­m um dos mais importante­s frigorífic­os do País até que, por dificuldad­es financeira­s, o negócio foi vendido à JBS.

O grupo decidiu então apostar no setor de infraestru­tura, com investimen­tos em termoelétr­icas e lances em dois dos projetos mais cobiçados do País à época: a usina de Belo Monte e o Rodoanel. As térmicas não saíram do papel, e o grupo acabou deixando Belo Monte.

Procurados, grupo Heber e Caixa não quiseram comentar.

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