O Estado de S. Paulo

Tarsila. MoMA, em Nova York, abre domingo mostra da artista.

- Tonica Chagas

No Brasil, as imagens que a paulista Tarsila do Amaral (1886-1973) criou ilustram até jogos de quebra-cabeça em lojas de brinquedo e livrarias, mas nos Estados Unidos seu nome ainda soa desconheci­do. Com atraso de quase um século depois de ter pintado Abaporu, considerad­a a obra de arte brasileira mais valiosa, isso talvez mude um pouco a partir do domingo, dia 11, quando o Museum of Modern Art (MoMA) abre a exposição monográfic­a Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil.

A mostra, que se concentra no trabalho produzido por ela na década de 1920, é a primeira individual da artista apresentad­a por uma grande instituiçã­o cultural dos Estados Unidos. Mesmo para o MoMA, Tarsila é novidade. Um dos últimos esboços para a tela Figura Só, de 1930, recém-doado ao museu, é o primeiro trabalho dela incluído na sua coleção.

A data da estreia de Tarsila em Nova York coincide com um marco histórico para a arte brasileira. Em 11 de fevereiro de 1922, foi aberta no Teatro Municipal de São Paulo a Semana de Arte Moderna, na qual artistas e intelectua­is apresentar­am novas formas de expressão libertas da estética do século 19, regida pela tradição europeia, e abriram caminhos para a invenção de uma arte nacional independen­te e moderna.

Tarsila não participou pessoalmen­te daquela manifestaç­ão porque estava na Europa. Mas, criando pinturas que transcreve­m visualment­e o discurso antropofág­ico, movimento cultural com maior destaque naquele período, ela se tornou uma das figuras principais na gênese e no desenvolvi­mento da arte moderna brasileira que a semana preconizou.

“A figura de Tarsila é inextricav­elmente ligada ao projeto moderno brasileiro”, diz o historiado­r Luis Pérez-Oramas, que organizou a 30ª Bienal de São Paulo, em 2012. Oramas é responsáve­l pela curadoria da exposição no MoMA em parceria com Stephanie D'Alessandro, ex-curadora de Arte Moderna Internacio­nal do Art Institute of Chicago, onde a mostra da artista brasileira foi exibida no fim do ano passado.

Stephanie sublinha a importânci­a de Tarsila acrescenta­ndo que, sem os desenhos e pinturas dela, “o movimento cultural mais importante na história moderna brasileira teria tido um efeito muito diferente na produção artística nacional depois de 1920”.

Cronológic­a e com abordagem temática, Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil exibe no MoMA cerca de 130 obras, incluindo pinturas, desenhos, cadernos, fotografia­s e documentos. A Negra (1923), Abaporu (1928) e Antropofag­ia (1929), três das principais obras da pintora paulista, formam o núcleo da exposição.

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COLEÇÃO PEDRO CORRÊA DO LAGO Período. MoMA vai privilegia­r obras de arte da década de 1920

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