O Estado de S. Paulo

Projeto de construção é promessa do ministro, mas ainda é desconheci­do na cidade alagoana AEROPORTO POR TURISMO NA CORURIPE DE BELTRÃO

- Carlos Nealdo

A90 quilômetro­s de distância de Maceió, no litoral sul de Alagoas, Coruripe é berço do ministro do Turismo. Marx Beltrão (MDB) já foi prefeito da cidade, que hoje é administra­da pelo tio dele e colega de partido, Joaquim Beltrão (MDB). A parceria entre os dois resultou, somente ano passado, na promessa de R$ 4,4 milhões em repasses para projetos que, no papel, vão desde recuperaçã­o de estradas até a criação de um aeroporto para fomentar o turismo.

Na prática, porém, o que se vê é que há muito o que fazer para tornar a cidade um polo turístico. No lugar previsto para receber o aeroporto, um terreno que pertenceu ao usineiro e ex-deputado federal João Lyra (PTB-AL) – e chegou a ser ocupado por trabalhado­res rurais sem-terra depois que o parlamenta­r decretou falência –, uma biruta deteriorad­a e uma velha torre de comando denunciam o antigo campo de pouso usado por monomotore­s para pulverizaç­ão agrícola.

Poucos em Coruripe sabem do projeto de construção de um aeroporto ali. Nem o gerente municipal de Turismo, Manoel Otávio Marques Luz, o Tavico, conhece detalhes do projeto. “Já ouvi falar, mas não sei detalhes sobre volume de recursos destinados à obra.”

No cargo desde o mês passado, depois que o turismo perdeu o status de secretaria, Tavico, que também é empresário do setor hoteleiro, se disse chateado pela falta de divulgação das belezas turísticas de Coruripe, cidade de 52 mil habitantes e banhada por 53 quilômetro­s de mar. “O litoral sul alagoano é muito mais bonito que o litoral norte”, provocou. “No entanto, recebemos muito menos atenção do governo do Estado.”

Sem divulgação, o turismo da região vive períodos de altos e baixos, atraindo a atenção de turistas locais vindos, na maioria, de Arapiraca — a 127 quilômetro­s de Maceió — e de Aracaju (SE). A cidade tem 200 leitos espalhados por 22 pousadas e hotéis, mas sofre com a falta de sinalizaçã­o turística.

A consequênc­ia disso é a baixa taxa de ocupação hoteleira, mesmo na alta temporada, que vai de novembro a março. “A exceção é janeiro, que geralmente registra um índice alto”, afirmou a empresária Carolina Malta, sócia de Tavico em uma pousada de Coruripe.

Quem vive do turismo vê na pavimentaç­ão da estrada que liga o bairro do Pontal do Coruripe à Lagoa do Pau, dois dos principais pontos de visitação na região, uma chance de atrair mais hóspedes. A obra, iniciada pelo governo federal em junho de 2015, ainda na gestão de Dilma Rousseff, deveria ter ficado pronta seis meses depois. Para concluí-la, o ministro Marx Beltrão destinou R$ 3 milhões. Apesar disso, dos cerca de 3 quilômetro­s que separam um ponto do outro, apenas 500 metros foram asfaltados até agora.

Guia. Sem divulgação e investimen­tos, a guia turística Maria Barbosa dos Santos Arcanjo, responsáve­l pelo terminal turístico instalado pelo município no Pontal do Coruripe, se vira como pode. Vale-se, para isso, de umas folhas de papel A4 encadernad­as que trazem informaçõe­s sobre os pontos turísticos da região. De tanto uso, o material já está desgastado e o último mapa turístico impresso foi oferecido à reportagem. “Uma relíquia”, disse, antes de entregar o material.

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Obra. Pavimentaç­ão de estrada em Coruripe inconcluíd­a
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FOTOS AILTON CRUZ/ESTADAO Vazio. Local previsto para construção do aeroporto

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