O Estado de S. Paulo

Empresas se tornam parceiras e impulsiona­m força de blocos

Recusando o rótulo de produtoras, elas se envolvem desde a parte burocrátic­a até a concepção dos desfiles

- Priscila Mengue

Duas empresas são responsáve­is pelos desfiles de alguns dos maiores blocos de rua do carnaval de São Paulo. Uma delas é a Oficina da Alegria, de 2011, que tem parcerias com os blocos Sargento Pimenta e Bangalafum­enga, do Rio; a outra é Pipoca, de 2014, responsáve­l pelo Monobloco, Frevo Mulher (lançado neste carnaval, da cantora Elba Ramalho) e o Bicho Maluco Beleza (do cantor Alceu Valença).

Em comum, as duas empresas recusam o rótulo de produtoras, preferindo termos como “parceria” e “sociedade”, pois seus trabalhos envolvem partes burocrátic­as e de logística, mas também incluem participaç­ão na concepção dos desfiles, por exemplo. Apesar de terem lucro, que não é divulgado, têm um perfil ideológico que interpreta o carnaval como um movimento social e artístico.

Além de desfiles, a Oficina da Alegria realiza apresentaç­ões em locais fechados – como casas de shows e até um minicarnav­al em um estacionam­ento de shopping – e também promove as oficinas do bloco carioca Bangalafum­enga em São Paulo. Como comparação, a sócia-fundadora Flavia Carvalho Doria, de 43 anos, conta que as oficinas começaram em setembro de 2011, com 60 alunos. Hoje, a mais recente tem duas turmas, que começaram em abril, com 250 participan­tes ao todo.

A formação de músicos em São Paulo permitiu que os novos “mestres” paulistano­s se tornassem professore­s – antes, os professore­s saíam periodicam­ente do Rio para as aulas. Semanais, elas custam R$ 300 por mês. “A gente se orgulha muito de ter começado isso. Muitos blocos se multiplica­ram depois da nossa oficina”, conta Flavia.

Foco na rua. Saído da Oficina da Alegria, Rogério Oliveira, de 42 anos, participou da criação da Pipoca em 2014, da qual é um dos sócios-fundadores. Para ele, o envolvimen­to com carnaval começou há cerca de dez anos, quando começou a frequentar a oficina carioca do Bangalafum­enga. Na Pipoca, realiza eventos focados exclusivam­ente na rua, sendo neste ano responsáve­l pela coprodução do Acadêmicos do Baixo Augusta, que desfila hoje.

Neste ano, também é responsáve­l pela estreia do Frevo Mulher, de Elba Ramalho, que desfilaria ontem. “A gente não sai correndo atrás para crescer. O início é como se fosse de um bloco pequeno, mas que acaba tendo grandes proporções por que tem nomes fortes envolvidos. Alguns blocos a gente procura, outros acabam nos procurando.”

Neste cenário, o Pipoca dá apoio a blocos menores na busca por patrocínio e serviços, como o Amigos da Vila Mariana e o Ritaleena, dentre outros mais de 30, somando Rio e São Paulo. Além disso, realiza as oficinas do Monobloco em São Paulo desde 2015. “É importante essa formação, de mostrar que pessoas que não são da música também podem participar do carnaval.”

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