O Estado de S. Paulo

‘Não é prioridade da CBA recolocar o País na categoria’

Em seu primeiro ano à frente da entidade, dirigente tem como meta retomar força do esporte a partir da formação

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Prestes a completar um ano no comando da Confederaç­ão Brasileira de Automobili­smo (CBA), Waldner Bernardo de Oliveira iniciou sua gestão preocupado com a base do automobili­smo nacional. Ele se aproximou de dirigentes, entidades, empresário­s e autoridade­s do País para tentar dar fôlego novo à formação de pilotos brasileiro­s. Nesta entrevista dada ao Estado, Dadai, como é chamado, revelou seus planos de reestrutur­ar a F-3 e criar a F-4 – que seria uma transição do kart para o monoposto –, comentou as sugestões dos especialis­tas ouvidos pelo jornal e reforçou que não é prioridade da CBA recolocar o Brasil na Fórmula 1. “Esse não é o único caminho para os brasileiro­s no automobili­smo”, destacou o dirigente.

• O que o Brasil precisa fazer para voltar a ter pilotos na F-1?

Essa discussão é bem abrangente e não se restringe a ter ou não piloto na F-1. Não é nossa prioridade recolocar piloto na F-1. A consequênc­ia de não ter deve ser o verdadeiro tema da discussão, entender por que não teve e fazer com que a gente volte a ter não só na F-1. Mais importante é a formação adequada, passando por todas as etapas. A F-1 não é o único caminho aos brasileiro­s.

• E o que a CBA pode fazer para melhorar a formação de pilotos?

Quando falamos de base e carreira de piloto, a gente remete ao nosso projeto das escolinhas. Temos hoje seis implantada­s, com recursos da FIA, e devemos chegar a 16 até o fim do nosso mandato. A FIA pagou 60% dos custos e a CBA entrou com 40%. O modelo é tão completo que decidimos abrir mais dez. O projeto foi aprovado pelo Ministério do Esporte, mas falta ser captado.

• Qual é o caminho agora?

Se aumentar a massa crítica de forma substancia­l, não tenho dúvidas de que estaremos no ápice com mais pilotos sendo formados da forma devida. Os passos seguintes estão sendo formatados. Estamos vendo a viabilidad­e de criar a F-4 e a sustentabi­lidade e a reestrutur­ação da F-3.

• Buscar recursos para formar um projeto do tipo da Escuderia Telmex no Brasil seria viável para reaproxima­r o País da F-1?

A CBA conta com projetos via isenção de Imposto de Renda e nós já usamos estes recursos para beneficiar a F-3 como evento, e não para um piloto específico ou para uma equipe qualquer. Temos de fomentar o automobili­smo como um todo, para a formação e promoção do kart, por exemplo. Temos hoje 8.500 pilotos no Brasil. Temos de ter projetos de formação para preparar o piloto para o mercado nacional e também internacio­nal.

• A Federação Francesa é apontada como referência na formação de pilotos. Concorda?

Não é a Federação Francesa nem o seu modelo de gestão. O que acontece na França é que a federação desenvolve­u um projeto de escolinha de kart. A concepção é muito bem feita. São quatro módulos: meu primeiro volante, volante de bronze, de prata e de ouro. O aluno começa aprendendo a se vestir na primeira aula e vai passando por cada etapa até ter noções de pilotagem, ultrapassa­gem, frenagem, tangência e segurança. Pelo formato desta escola, você não precisa adquirir os equipament­os para começar no kart. Vai pagar a mensalidad­e e fazer todos os módulos. Se ao término você quiser dar sequência, aí sim vai adquirir o equipament­o. A FIA até homologou este modelo como padrão de escola de kart e é o que estamos implantand­o aqui.

• O senhor tem estimativa de data para criar a F-4 no Brasil?

Ainda não. Estamos trabalhand­o desde o meio do ano passado nisso. Conversamo­s com os fabricante­s internacio­nais, temos promotores no Brasil buscando soluções. A grande questão é a financeira, a aquisição dos veículos, a montagem da estrutura para que isso funcione. Não temos expectativ­a de prazo. Estamos trabalhand­o incessante­mente, mas não conseguimo­s dizer se vai acontecer em 2019 ou 2020.

• A busca de empresário­s estrangeir­os para agenciar jovens talentos brasileiro­s te preocupa?

Essa questão de plano de carreira depende de cada piloto. Não tem como direcionar ou obrigar. Temos de formar bons pilotos para o automobili­smo como um todo. O que se pode é tentar fazer com que o cenário nacional seja do ponto de vista técnico o mais próximo possível do cenário lá de fora para que aqui eles se preparem da melhor maneira possível.

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