O Estado de S. Paulo

LONGE DA ECONOMIA, A PAIXÃO PELO FLAMENGO

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Opresident­e do Banco Central, Ilan Goldfajn, deixou uma carreira de sucesso no setor privado e teve de vender suas ações do Itaú Unibanco, do qual era economista­chefe, para assumir o cargo, em junho de 2016. Abriu mão dos ganhos polpudos recebidos no banco em troca de um salário bruto de R$ 30.940,70. Como mora com a família em São Paulo, onde se fixou em 2009, ao ser contratado pelo Itaú, recebe também um auxílio-moradia de R$ 5.995,06, que usa para custear um apart-hotel, na Asa Norte, região nobre de Brasília. Em geral, fica na cidade de terça a quinta-feira e na segunda e na sexta-feira costuma despachar na sede regional do Banco Central em São Paulo, onde também passa os fins de semana com a mulher Denise, uma psicanalis­ta com quem está casado há 27 anos, e os três filhos.

Nascido em Haifa, em Israel, Goldfajn é brasileiro, registrado na embaixada do Brasil em Tel Aviv. Mudou com a família para o Rio de Janeiro, onde nasceu seu irmão mais novo, quando tinha 13 anos, no início do processo de redemocrat­ização do País, no final da década de 1970. Seus pais, ambos judeus de famílias de origem polonesa, viviam no Rio e haviam emigrado nos anos 1960 para Israel, onde também nasceu sua irmã mais velha. Desde cedo, porém, Goldfajn falava o português em casa e não teve problema coma língua ao chegara o País. E lenão se considera religioso, embora afirme respeitar as "tradições” judaicas.

No Rio, Goldfajn adquiriu a paixão pelo Flamengo e pelo futebol, que costumava praticar nos fins de semana até sofrer uma crise ciática, em abril de 2017, devido a uma hérnia de disco, tratada com uma série de sessões de fisioterap­ia( veja o quadro ao lado ). Estudou no Liessin, um colégio da comunidade judaica, e fez ocurso de economia na UFRJ e o mestrado na PU C- RJ, onde teve como orientador o economista Dionísio Dias Carneiro (19452010), que ele diz ter marcado sua atuação profission­al, “não tanto pelo aspecto técnico, mas pelo amor que tinha pelo conhecimen­to, pelo prazer do debate”.

Entre 1991 e 1999, morou nos Estados Unidos, onde fez o dourado no Massachuse­tts Institute of Technology (MIT). Teve como orientador­es os economista­s Rudiger Dornbusch (1942-2002), que produziu vários trabalhos sobre o Brasil, e Stanley Fisher, ex-vice-presidente do Fed, banco central americano, e ex-presidente do Banco Central de Israel. Em tempos de polarizaçã­o política no País, ele prefere não revelar com qual escola econômica se identifica mais. “Faço um esforço enorme para tentar não me enquadrar e poder conversar com todo mundo.”

Em 2000, ao voltar ao Brasil, assumiu a diretoria de Política Econômica do BC a convite do então presidente da instituiçã­o, Armínio Fraga, que ele afirma ter tido também grande influência em sua vida profission­al, e voltou amorar no Rio, até mudar para São Paulo, há nove anos, onde mora até hoje.

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