O Estado de S. Paulo

Agronegóci­o e expansão industrial

- JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS ✽ ECONOMISTA E SÓCIO DA MB ASSOCIADOS. ESCREVE QUINZENALM­ENTE E-MAIL: JR.MENDONCA@MBASSOCIAD­OS.COM.BR

Oagronegóc­io, com sua sofisticaç­ão tecnológic­a, traz muitas oportunida­des de expansão industrial. A mais evidente está ligada ao processo produtivo: máquinas, como tratores, colheitade­iras e implemento­s de todos os tipos para a produção agrícola; insumos, entre os quais se destacam os fertilizan­tes e os defensivos; equipament­os de diversas naturezas como os utilizados na produção florestal e no tratamento da madeira; para tratamento de resíduos e efluentes, que permitem a produção de materiais úteis e energia elétrica; sistemas de irrigação; para a produção leiteira (que, hoje, inclui até robôs); para produção de energia; fábricas de ração para animais; sais, vitaminas e produtos veterinári­os, para listar os mais relevantes. A imensa maioria desses bens são produzidos aqui.

Nas tecnologia­s mais recentes, há ainda a combinação de bens e serviços decorrente­s da digitaliza­ção do setor, como drones, sistemas automatiza­dos de alimentaçã­o de animais, sistemas de controle de irrigação, sistemas de gestão da propriedad­e e da empresa etc.

Uma área enorme se abre no que tange ao processame­nto, embalagem e a armazenage­m dos produtos agrícolas e de uma extensa cadeia ligada à produção de alimentos e fibras e à exportação. Coisas novas estão ocorrendo na produção de energia e combustíve­is. Aqui, muito já se fez, como o desenvolvi­mento de motores flexíveis e os programas do etanol e do biodiesel. Entretanto, muito mais está por acontecer, como por exemplo, a possibilid­ade de desenvolvi­mento de carros híbridos movidos a etanol e combustíve­is de segunda geração.

Ainda falando de inovações, estamos em meio a grandes avanços na produção de novos materiais, decorrente­s de tecnologia­s, que permitem manipulaçã­o até o nível atômico. Em futuro breve, voltaremos a esse tema.

A reconhecid­a competitiv­idade do agronegóci­o brasileiro não decorre apenas do seu povo, de seus recursos naturais e do avanço das pesquisas. Um substancia­l parque industrial participa, suporta e amplifica nossa posição.

Esses segmentos industriai­s e muitos serviços não pararam de crescer e investir, mesmo em meio a enorme crise que se abateu sobre o País. Grandes oportunida­des estão ainda por ser aproveitad­as ou desenvolvi­das. Exemplo. Um belo exemplo de inovação industrial associada ao agronegóci­o ocorreu na nova fábrica de celulose da Suzano, recém-instalada em Imperatriz do Maranhão.

No fim do ano passado foi inaugurada, dentro do complexo da celulose, uma unidade satélite da Peróxidos do Brasil (joint venture do grupo Solvay e da Produtos Químicos Makay), produtora de peróxido de hidrogênio, a primeira do mundo desse tipo.

Esse projeto tem várias caracterís­ticas especiais. Sendo uma planta dedicada, é de escala relativame­nte baixa, de 12 mil toneladas/ano. Apenas para comparar, as escalas usuais para produção do produto chegam até a 300 mil toneladas/ano.

Entretanto, para que essa planta tivesse custo competitiv­o foram necessário­s revisão e redesenho da química de processo e do design de equipament­os. A unidade combina uma gama única de novas tecnologia­s proprietár­ias e inovadoras, com um processo simplifica­do e intensific­ado, um layout modular e compacto e um projeto pré-moldado e montado em plataforma. Foram totalmente desenvolvi­das no Brasil e algumas dessas inovações foram patenteada­s.

A operação é remota, mas não independen­te, uma vez que é totalmente controlada pela planta-mãe que se localiza em Curitiba.

Reforça a competitiv­idade do novo projeto, o fato de se utilizar da infraestru­tura industrial, das utilidades e matérias-primas já disponívei­s no site do cliente, em Imperatriz do Maranhão.

Finalmente, a original solução desenvolvi­da para esse projeto tem um forte apelo ambiental, pois a planta evita centenas de viagens de caminhão que teriam de ocorrer se o suprimento do produto tivesse que ser feito da fábrica no centro-sul do País.

O novo desenho deverá ser exportado para outros locais do mundo.

Um substancia­l parque industrial suporta e amplifica nossa competitiv­idade

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